A antiga primeira-dama de Moçambique Graça Machel defendeu que “muita coisa está a mudar em África”, mas disse ser preciso que “os governos olhem pelos seus povos”, durante a apresentação em Abidjan de um relatório sobre o continente.
“Há uma mudança, uma mudança inclusive de instituições internacionais acreditarem numa instituição que é fundamental para servir o nosso continente”, disse Graça Machel, após uma sessão pública em que participaram, entre outros, o milionário sudanês baseado no Reino Unido, Mo Ibrahim, e o antigo Presidente do Botsuana Festus G. Mogae.
A actual esposa do líder histórico sul-africano, Nelson Mandela, referia-se ao Banco Africano de Desenvolvimento (BAfD), que realiza na capital da Costa do Marfim a sua assembleia anual, durante a qual vai triplicar o orçamento para 100 mil milhões de dólares.
Durante a sessão do painel de Progresso em África, uma jornalista dos Camarões, que disse cobrir há 16 anos as reuniões do BAfD, queixou-se de estar a escutar sempre “a mesma coisa” e da “pouca acção” dos que defendem novas políticas para o continente africano. Graça Machel contestou o discurso de “ser sempre a mesma coisa”, mas concedeu que os recursos africanos têm que ser utilizados em África e que “os Governos devem olhar para os seus próprios povos”.
“Não viemos aqui discutir quem nos dá dinheiro, estamos a dizer como utilizar melhor os nossos próprios recursos, fazer com que eles favoreçam melhor os nossos países e que os resultados beneficiem os milhões de africanos”, disse.
No entanto, Graça Machel adiantou que “o que ainda é preciso fazer é que cada um dos governos vire a sua atenção prioritariamente para o seu povo” e que os homens de negócios africanos “inventem a maneira de negociar para que tenha lugar a industrialização” dos países do continente. * da Agência LUSA