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‘@ Verdade Solta-Para ti,meu primo Mauro

Apenas tenho dez minutos para escrever esta carta. Estou a escrever-te no meu quarto. A minha mãe, o Danny e a Tânia, seus primos, a avó Marta e o teu pai, estão na cozinha a almoçar. A minha mãe está chateada, não me perguntes porquê, pois também não o sei.

O meu irmão Danny continua chato, provavelmente por falta de namorada, a Aninha deulhe um pontapé no traseiro e agora passa a vida à procura de alguma moça nessas redes sociais que existem por aí na Internet. A minha Tânia arranjou um namorado, é um tipo muito sem graça e até agora não compreendo porque está com ele. A avó Rosa mora connosco desde a morte do avô Pereira e divide o quarto com a Tânia. O teu pai já sabes como ele está, mas para mim é novidade ele ter deixado a barba crescer e a barriga também.

Diz-me o que ele fez para a barriga ficar assim grande, pois quero informar ao meu pai para deixar crescer a sua. A ideia de escrever esta carta foi do teu pai. Não sei o que te dizer. E também imagino como será difícil para ti ler esta carta, mas prometo melhorar a minha caligrafia e aprender a escrever em espanhol. Por mim, não estaria aqui a escrever esta carta com esferográfica de cor vermelha e num papel do tipo A4 que arranquei do caderno da mana Tânia. Ela ainda não sabe, se souber vai ralhar comigo.

Na verdade preferia enviar-te um e-mail, para além de ser simples, prático e seguro, poderia usar o programa de tradução que tem no computador do meu pai. Hoje é o dia do meu décimo sexto aniversário, ninguém se lembrou desta data importante para mim, quando me tornar Presidente deste país, farei com que este dia seja feriado nacional. Obviamente que também não te lembravas. Estou muito triste convosco. Até o meu melhor amigo, o Bruno, esqueceu-se. Ah! Lembrei-me de algo interessante para te dizer.

Escondo uma revista de mulheres peladas e imagens eróticas em baixo da cama. A revista foime dada pelo Bruno quando fiz quinze anos de idade. Por favor, não contes a ninguém! Apesar de o Bruno ser o meu melhor amigo, não confio nele.

Acho que é por causa de ser o meu melhor amigo que não confio nele. Como se diz “é melhor confiar desconfiando porque amigos são amigos, mas, por vezes, viram grandes inimigos”. Devemos andar com os amigos do nosso lado esquerdo ou direito, não podemos deixá-los à frente, pois podemos perdê-los de vista e muito menos deixá-los nas costas porque podem apunhalar- nos. Mauro, também não confio em ti, porém vou-te contar um segredo, não conto ao Bruno porque é metido a bonito e galanteador, e quer sempre conquistar todas as moças na escola. Será que devo contar-te o segredo? Será?

Vou contar, só te vou contar porque estás do outro lado do mundo. Eu estou apaixonado por uma rapariga linda e os seus olhos têm o brilho de raros diamantes. Ela não me conhece. Eu vejoa sempre a partir da janela do meu quarto. Mora no edifício que fica defronte do meu, ela deve ser nova do prédio, há um mês atrás no décimo andar ninguém morava. Espero que não tenha irmãos mais velhos. Lembras-te da história que o avô Pereira contava… daquele jovem que na sua mocidade namorava uma rapariga que tinha dois irmãos mais velhos. Quando o viam com a sua irmã enchiam a cara do jovem de porrada.

Até hoje eu acho que esse jovem era o avô Pereira. Há algo que me preocupa, hoje faço dezasseis anos de idade e não vejo pêlos na região genital, no peito, nas pernas, nas axilas e muito menos vejo bigodes. O Bruno, que é duas semanas mais novo que eu, já tem pêlos na região genital e tem indícios de bigodes. Uff! Vou parar por aqui, senão não terei tempo de colocar esta carta no envelope. Mais uma coisa. Se não conseguires ler, ainda bem, rasga-a para que o teu pai não leia. Beijinhos para a tia Christel e a Anita.

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