As autoridades sul-africanas afirmam que, mensalmente, pelo menos 100 veículos roubados são introduzidos ilegalmente em Moçambique, através das fronteiras terrestres, a partir das regiões montanhosas que separam ambos os países.
O coronel Patrick Ncba Bobelo, das Forças de Defesa Nacional da África do Sul (SANDF), explica que, para lograr os seus intentos, os sindicatos do crime organizado escondem os carros roubados em algumas aldeias junto a fronteira, antes de introduzir os veículos na auto-estrada N4 em Moçambique, que liga a capital moçambicana e a cidade sul-africana de Witbank.
“São mais de 100 veículos por mês, incluindo Land Cruisers, 4x4s, Mercedes- Benz e mesmo carros mais pequenos”, disse o coronel, falando, na quinta-feira, perante o comité parlamentar para a defesa da Africa do Sul que, actualmente, está a inspeccionar as condições das fronteiras sul-africanas.
Os sindicatos do crime organizado levam os carros até a fronteira moçambicana, onde procuram abrigo junto aos camponeses locais. Os residentes ajudam a esconder os veículos, disponibilizando informações sobre a localização das patrulhas policiais, antes dos malfeitores tentarem a travessia em direcção a Maputo.
O mesmo acontece junto a fronteira zimbabweana, onde os sindicatos fazem furos na rede, que depois voltam a tapar para dissimular as suas actividades. Assim, torna-se muito difícil para o observador menos atento descobrir que a rede foi furada. Segundo Bobelo, os camponeses recebem em troca cerca de 1.000 a 2.000 randes pela sua assistência. Existem casos onde foi retirada a vedação, numa extensão de várias centenas de metros, que, segundo Bobelo, depois é revendida noutros locais.
A Ministra sul-africana da Defesa, Lindiwe Sisulu, e o Comité Parlamentar para a Defesa, estão a avaliar as condições da fronteira, numa fase em que os Serviços da Polícia Sul-Africana (SAPS) preparamse para entregar o controlo da fronteira ao exército sul-africano. Para Sisulu, a afectação de membros do exército ao longo da fronteira será um dos maiores desafios da sua instituição.
“Este é um programa enorme. As infra-estruturas não são das melhores, a vedação não está em boas condições e temos mais de 2.000 quilómetros de fronteira terrestre para controlar, e isso exige recursos financeiros, tecnológicos e humanos”, explicou a Ministra.
Actualmente, a Africa do Sul está a tentar reforçar o controlo das suas fronteiras para garantir a segurança durante a Copa do Mundo de Futebol, a ter lugar em Junho do corrente ano naquele país da Africa Austral, como forma de reduzir os elevados índices de criminalidade e evitar possíveis actividades terroristas.