O projecto de restauração do Parque Nacional da Gorongosa, na Província de Sofala, Centro de Moçambique, constitui um dos principais motivos de reflexão em destaque na celebração mundial do Dia da Terra, que se assinalou esta quinta-feira, 22 de Abril. O 22 de Abril foi consagrado Dia da Terra em 1970, quando o Senador norte-americano Gaylord Nelson convocou o primeiro protesto nacional contra a poluição.
A data passou a ser celebrada em outros países a partir de 1990. Por essa ocasião, a Organização das Nações Unidas e outras instituições nacionais e internacionais, incluindo activistas singulares, convidam toda humanidade a tomar consciência dos direitos da Terra, que tem em torno de 4.5 biliões de anos de existência; constitui o terceiro planeta do sistema solar e tem a Lua como seu único satélite natural. A área total da Terra é de 510,3 milhões de kilómetros, habitada por aproximadamente seis biliões de pessoas e a expectativa de vida é em média de 65 anos.
Os desafios para a manutenção do equilíbrio do planeta são imensos e o seu alcance passa necessariamente pela tomada de consciência de que não se pode acabar com os recursos naturais, essenciais para a vida humana, pois não haverá como repô-los. O pensamento deve ser global, mas a ação local deve ser considerada prioritária.
“Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensificação da luta pela justiça e pela paz, e a alegre celebração da vida” – frase escrita por um Monge beneditino que valha pena recordar por essa ocasião. A National Geographic, um dos maiores canais do universo que se debruça sobre questões ligadas ao planeta Terra, por ocasião da celebração do 22 de Abril, este ano destaca dois projectos em extremos opostos do planeta que demonstram como é difícil reverter a destruição dos ecossistemas humanos.
A lição é clara: é muito mais fácil proteger e conservar o mundo natural, do que tentar reconstruí-lo depois da sua destruição. Os dois projectos, um está relacionado com o ambicioso plano para recuperar uma grande faixa da pradaria americana, que praticamente perdeu todos os animais de grande porte (e muitos dos menores), seus rios ficaram poluídos e o ar e água contaminados, tudo por causa da acção humana.
Segundo a National Geographic, agora a americana Prairie Fundação está trabalhando para criar e gerenciar uma reserva de fauna da pradaria dedicada à vida selvagem, com objectivo central de proteger o habitat natural único e proporcionar benefícios económicos para as comunidades a sua volta. O segundo, entretanto, refere-se ao que o próprio canal considera uma iniciativa mais desafiadora, nomeadamente a restauração do Parque Nacional da Gorongosa, em Moçambique, Africa.
Num artigo postado no blog da National Geographic por David Braun, um conceituado escritor sobre aspectos ligados a Terra, o autor recorda quando a Gorongosa foi jóia do deserto Africano, seguindo-se as duas fases de guerras civis que reduziram o santuário a zero. Grande parte dos animais foram mortos, comidos e as suas jóias traficadas pelos fazedores das guerras.
Os poucos animais remanescentes ainda se lembram desse martírio, prova disso fogem em pânico a primeira vista quando vislumbram um ser humano. O Parque esta a beneficiar de um esforço liderado pelo empresário norte-americano, Greg Carr, para a sua restauração. O plano envolve a importação de animais de grande porte como elefantes, búfalos e rinocerontes da vizinha África do Sul, ensinando a população local os princípios de gestão da conservação, e ressuscitando a oferta turística.
A visão de Carr em relação a Gorongosa é restaurar o parque aos níveis da sua glória pré-guerra, criando um santuário grande e próspero para a vida selvagem da África que também pode ser o centro de uma indústria turística florescente, que irá criar um meio de subsistência para as comunidades vizinhas e colocar Moçambique, um dos países mais pobres da África, no mapa de férias.
No entanto, o sucesso desse projecto tem sido desafiado sobretudo devido ao problema de gestão do relacionamento com as comunidades humanas adjacentes, que tem revelado fraca amabilidade aos seus propósitos. Seja como for, há sinais encorajadores de progresso, havendo clara convicção de que os ecossistemas irão recuperar, uma vez tem havido sucesso em outros lugares.
David Braun conclui transmitindo que o mundo tem mostrado que saltará para trás, se lhe dermos uma chance.