O presidente interino da Polônia, Bronislaw Komorowski, fechou acordo com a oposição esta quarta-feira para que o primeiro turno das eleições presidenciais, depois da morte do presidente Lech Kaczynski, ocorra em 20 de junho, mas adiou o anúncio oficial da data para a próxima quarta-feira.
Tratam-se das primeiras negociações políticas feitas após o acidente de avião que matou o chefe de Estado e outras 95 pessoas, entre elas altas autoridades políticas e militares do país, no sábado passado perto de Smolensk (oeste da Rússia).
A oposição, tanto de direita como de esquerda, propôs a Komorowski a data de 20 de junho – último prazo possível de acordo com a Constituição polonesa – e que o anúncio fosse feito apenas depois do funeral, previsto para domingo. “Até o enterro, não teremos nenhuma discussão dentro do partido sobre nossos projetos eleitorais”, afirmou à AFP Janusz Zemke, eurodeputado membro da Aliança da Esquerda Democrática (SLD).
O funeral do presidente Lech Kaczynski e de sua mulher Maria ocorrerá no domingo em Cracóvia (sul do país). Participarão personalidades do mundo inteiro, entre elas os presidentes americano, Barack Obama, russo, Dimitri Medvedev, e francês, Nicolas Sarkozy, e a chanceler alemã, Angela Merkel. Segundo a Constituição, a data da eleição deve ser fixada em um prazo de duas semanas depois da morte do presidente, ou seja, 24 de abril.
As eleições devem ser realizadas em um feriado dentro do prazo de 60 dias a partir do anúncio. Um eventual segundo turno poderá ocorrer 15 dias depois. Outras disposições da lei eleitoral apontam que o primeiro turno das eleições seja possível apenas em 20 de junho, caso seu anúncio seja feito depois de 19 de abril. A esquerda e os conservadores, que perderam seus candidatos no acidente, preferiram atrasar a data o máximo possível.
Os potenciais candidatos precisam somar 100.000 assinaturas de eleitores a seu favor, sendo que faltam 55 dias para as eleições. Dois candidatos à eleição presidencial, que estava prevista regularmente para o final do ano, morreram na catástrofe. Esperava-se que o chefe de Estado, Lech Kaczynski, fosse candidato a um segundo mandato em nome do partido conservador.
Jerzy Szmajdzinski, por sua vez, já era o candidato oficial do SLD. Komorowski, chefe de Estado interino, é também candidato oficial da Plataforma Cívica, o partido liberal no poder. As pesquisas davam a ele ampla vantagem antes do acidente. Em uma posição particularmente delicada, Komorowski prometeu aos partidos opositores levar em conta as propostas deles para o calendário eleitoral.
Ainda não se sabe se Jaroslaw Kaczynski, irmão gêmeo do presidente morto e chefe do partido conservador Direito e Justiça, assumirá o desafio de enfrentar Komorowski em substituição a seu irmão. Jaroslaw Kaczynski não fez nenhuma declaração política desde o acidente.