O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, reafirmou a importância da unidade nacional no combate as diversas manifestações da pobreza no país, que ainda afecta milhares de concidadãos apesar dos esforços empreendidos para a sua erradicação.
Guebuza lançou este apelo hoje na sede da localidade de Ntemangau, distrito de Changara, na província central de Tete, no comício que marcou o início da Presidência Aberta, exercício através do qual ausculta os problemas das populações e, por conseguinte, identifica as soluções que se julgam ser mais apropriadas.
Contrariamente aos consecutivos dias de sol fulminante, o dia de hoje, aqui em Tete, nasceu cinzento e foi debaixo desta temperatura amistosa que Guebuza se dirigiu as centenas de residentes da localidade Ntemangau, primeira escala da digressão de cinco dias que irá efectuar a esta província. “O nosso maior inimigo continua a ser a pobreza, mas para conseguirmos os resultados que todos nós queremos nesta luta temos de estar unidos”, sublinhou Guebuza, em clara resposta aos problemas apresentados pelos residentes daquele pacato lugarejo próximo de grandes depressões montanhosas e com uma presença abundante da fauna bravia.
No comício, os residentes de Ntemangau, localidade de um distrito com graves problemas de seca que, aliás, comprometeu seriamente a última campanha agrícola, apresentaram preocupações que vão desde o roubo de gado bovino, os ataques de elefantes que, além de ameaçar as populações, também destoem as culturas nos campos de cultivo. Estas duas realidades, segundo o sentimento das populações, agravam a situação da fome, porque elas perdem o gado, criado na base de muito sacrifício e fonte de proteína da qual ficam desprovidas, e os excedentes que não chegam a colher, porque alimentam os animais bravios.
A população, que é bastas vezes atacada pelos paquidermes sempre que se dirige ao rio em busca de água para uso doméstico, pediu também a abertura de mais furos para a captação do precioso líquido, medida que, segundo afirma, pode ajudar a reduzir a vaga de ataques pelos elefantes. A outra inquietação que os residentes de Ntemangau apresentaram tem a ver com o estado da rodovia que leva àquela localidade, num percurso de 25 quilómetros de difícil acesso, sobretudo na época chuvosa, lamacenta e escorregadia.
Esta situação complica a evacuação dos doentes do posto de saúde local para o hospital distrital que se encontro em Luenha, na sede de Changara, daí o pedido para a sua asfaltagem. Ainda no quadro da saúde, os residentes pedem mais reforços para o único enfermeiro e parteira ao serviço do centro que no período das epidemias como a cólera e malária não conseguem responder a elevada demanda dos serviços de saúde. Mas porque não há bela sem senão, os residentes enalteceram os ganhos conseguidos na educação que se traduzem na construção de salas, na abertura de furos de água apesar de o número estar ainda abaixo das expectativas e, para mostrarem a sua generosidade, ofereceram ao presidente cabeças de gado bovino e caprino.
O Chefe de Estado, que não se mostrou alheio as diversas preocupações e inquietações que ouviu, afirmou que Ntemangau vai vencer todas as dificuldades que enfrenta, do mesmo modo que ultrapassou as outras. “Antes tinham poucas escolas, mas hoje o número cresceu e continuam a querer mais”, disse Guebuza, apontando que da mesma maneira que estes serviços sociais chegaram a Ntemangau vários outros chegarão aquele lugar. Ntemangau é, segundo Guebuza, um povo de heróis porque sabe o quer e esse é o povo moçambicano.
O estadista moçambicano enalteceu o gesto de profunda generosidade do povo de Ntemangau que não deixou de oferecer algumas cabeças dos seus rebanhos e manadas, apesar da fome que grassa o local, dada a falta de chuva na segunda época chuvosa, pese embora, nas últimas 48 horas, tenha havido registo de precipitação. Guebuza pediu ao povo de Ntemangau para levar aquelas oferendas e dar a outros concidadãos que estão em situação muito mais difícil e mais necessitados de auxílio tanto naquele ponto quanto noutros do mesmo distrito.
“Gostaria de pegar nas vossas ofertas e apoiar aos mais necessitados, porque temos doentes nos hospitais que necessitam duma boa refeição aqui em Ntemangau ou mesmo em Changara”, explicou Guebuza. “A oferta espelha solidariedade, amor ao próximo, virtudes de um povo que não gosta de ver o seu próximo a sofrer”, vincou o presidente.
Assim, segundo Guebuza, os moçambicanos vencerão a pobreza, porque a união é a “arma sagrada” contra todos os males que impedem o bem-estar almejados por todos os moçambicanos. Ainda em Changara, o presidente moçambicano orientou uma sessão extraordinária do governo provincial, alargada a outros quadros ligados ao funcionamento da província.