Cihuatan, uma antiga cidade indígena, cujas estruturas piramidais sobressaem em um terreno árido, na periferia da cidade de Aguilares (norte), sofreu com o saque de peças e a destruição de suas estruturas habitacionais, que têm sido utilizadas na construção de casas.
O complexo de Cihuatan, que em parte é de propriedade do Estado, foi construído entre os anos 900 e 1100 depois de Cristo e se estende pelos arredores de Aguilares, em uma região cercada de plantios de cana-de-açúcar. Nos terrenos particulares foi iniciada, no começo do ano, a construção de 38 casas para famílias desabrigadas nas fortes chuvas registradas no país em novembro de 2009, e que deixaram 199 mortos.
Tratores do Comando de Engenharia das Forças Armadas iniciaram trabalhos de terraplanagem e abertura de ruas com a autorização da prefeitura de Aguilares e do vice-ministério de Habitação e Desenvolvimento Urbano, instituições que agora alegam desconhecer que a região fazia parte do complexo arqueológico de Cihuatan. Em março passado, o arqueólogo americano Paul Amaroli, da Fundação Nacional de Arqueologia de El Salvador (FUNDAR) – entidade não governamental – denunciou às autoridades culturais do país “a destruição” registrada em Cihuatan com a construção das casas.
Os trabalhos foram suspensos. Por causa das obras na região, ficaram descobertos partes de pedras de moer – chamados ‘metates’ -, vasilhas, panelas, utensílios de barro que usavam aqueles que ali viveram e cujos restos ficaram em pedaços depois da passagem dos tratores que, em alguns casos, encontraram partes de paredes de pedra das edificações.
As escavações deixaram descoberta, ainda, uma série de montículos que abrigavam um centro cerimonial com suas pirâmides, duas quadras de ‘pelota’ – jogo praticado pelos maias – e outros edifícios cercados pelo que se presume tenha sido a área residencial da cidade antiga. O vice-ministro de Habitação, Edin Martínez, disse ter decidido cancelar a construção de casas em Cihuatan, e as famílias que moram ali serão levadas para outro lugar.