O site Wikileaks.org, especializado na difusão de conteúdos sensíveis, divulgou esta segunda-feira um vídeo gravado por um helicóptero americano que dispara e mata supostos homens armados no Iraque, que na verdade são civis inocentes, incluindo dois funcionários da agência de notícias Reuters.
As imagens, gravadas por um helicóptero de ataque Apache, são acompanhadas pelo audio de comunicação entre o piloto e o controle em terra, no qual o piloto revela que identificou homens armados, supostamente rebeldes, caminhando por uma rua de Bagdá, e pede autorização para abrir fogo. O vídeo mostra um grupo de homens andando pela rua, incluindo os funcionários da Reuters Namir Noor-Eldeen e Saeed Chmagh.
O piloto do Apache, que confunde a câmera de um dos jornalistas com um lança-granadas RPG, comunica ao controle em terra que avistou “cinco ou seis homens com (fuzis) AK-47” e pede permissão para abrir fogo, sendo atendido logo em seguida. O helicóptero dispara rajadas de metralhadora e quando a poeira baixa os pilotos comentam que há “um monte de corpos” caídos no chão. “Olha todos estes bastardos mortos (…) Que lindo”. Logo depois da primeira sequência de disparos, homens em uma van tentam socorrer os feridos, mas o veículo é atacado pelo helicóptero, e duas crianças são feridas no carro.
Posteriormente, entre os mortos no ataque são identificados Namir Noor-Eldeen e Saeed Chmagh. Um oficial do Exército americano, que pediu para não ser identificado, disse à AFP que o vídeo parece ser verdadeiro. “Reconhecemos que o ataque ocorreu e que dois funcionários da Reuters” morreram no incidente. “Também sabemos que duas crianças ficaram feridas”, disse o oficial. “Naquele momento não pudemos distinguir se levavam câmeras ou armas”.
O site não revela como obteve as imagens do incidente, ocorrido em julho de 2007 e divulgado hoje no Youtube. WikiLeaks se apresenta como uma organização sem fins lucrativos financiada por defensores dos direitos humanos, jornalistas e o público em geral.
Os Estados Unidos invadiram o Iraque no início de 2003 alegando que o governo iraquiano tinha armas de destruição em massa, mas tal armamento jamais foi encontrado. Desde então, tropas americanas permanecem no território iraquiano.