O presidente sul-africano, Jacob Zuma, pediu este sábado calma após o assassinato do líder de extrema-direita Eugene Terreblanche, afirmando que este crime não deve incitar o ódio racial. “O presidente apela à calma depois deste acontecimento terrível e pede aos sul-africanos que não permitam que agentes provocadores levem vantagem nesta situação ao incitar ou alimentar o ódio racial”, destacou o gabinete de Zuma, em um comunicado, divulgado pela agência de notícias SAPA.
Condenando o homicídio “nos termos mais enérgicos possíveis”, Zuma lembrou que “ninguém tem o direito de impor sua própria lei, sobretudo em um país como a África do Sul, que respeita o Estado de direito”, acrescentou. Os assassinos “não tinham nenhum direito de tirar sua vida”, concluiu o comunicado presidencial.
A agência de notícias SAPA havia informado, mais cedo, com base em informações da polícia, o assassinato de Terreblanche, militante separatista e fervoroso partidário do regime do apartheid, que pregava uma “pátria de brancos”. “O corpo do senhor Terreblanche foi encontrado na cama com ferimentos na face e na cabeça”, informou a porta-voz da polícia, Adele Myburth.
O líder de 69 anos do Movimento de Resistência Afrikaner (AWB, na sigla em inglês), encarnação da oposição branca à abolição do regime racista sul-africano, foi atacado e morto em sua fazenda, no nordeste do país, aparentemente em virtude de uma briga com dois empregados, informou a porta-voz. Os funcionários, de 15 e 21 anos, foram detidos e acusados de homicídio, acrescentou a porta-voz. Ambos “disseram à polícia que a briga aconteceu porque não receberam o pagamento pelo trabalho que haviam feito na fazenda”, completou. Ex-policial e empresário agrícola, Eugene Terreblanche fundou o AWB nos anos 1970.
Defensor da supremacia branca, o movimento ficou conhecido pelos desfiles equestres e os uniformes paramilitares. Sua insígnia, com três aspas, lembrava muito a suástica nazista. Os simpatizantes do extremista se opuseram violentamente às negociações que levaram à democracia sul-africana. A campanha deles incluiu ataques a bomba durante as eleições de 1994. Terreblanche saiu da prisão em 2004 depois de ter sido preso em 2001 por agredir um guarda negro.