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Xïkwembo – Homem que é homem II

Sexta-feira dia do homem, damo sai. É sexta-feira e ela também sai, para tchilar com as bradas. São namorados, mas na sextafeira saem em caminhos diferentes, dama com damas e damo com damos. Porque homem que é homem em Moçambique não sai com a sua dama.

Está calor, e o calor dilata os corpos. Damo bebe Laurentina preta e dá papo às damas que passam. No outro lado da cidade dama saiu para a disco, é dia do homem, por isso há muitos homens lá na night. Ela dança passadas moçambicanas, kizombas angolanas, mornas cabo-verdianas e lambadas brasileiras…. Dança. Bebe shots de sambuca pagos pelo indiano de camisete com escritas douradas, bebe champanhe oferecido pelo sulafricano de chinelos e faz convites insuspeitos ao mulato de jeans colantes. Dança.

Olha, se movimenta e dança. Está calor. Dama tem calor na disco. Damo tem calor lá nas barracas. Damo pensa na dama, mas com os bradas não comenta. Homem que é homem não pensa na dama, pensa nas damas. Dama tchila, bate papo, retoca o lips e sobe um pouco mais a sainha. Pensa no seu damo, mas não comenta, bradas estão a enjoyar a night e ela não quer ser matreca. Damo e bradas saem das barracas, damo quer estar com dama mas não quer dizer, então liga para perguntar:

– Tás aonde? – dama já tá jazz, vai ao banheiro e cheka celular, damo ligou, dama não tem crédito, faz please call me. Dama sente a falta dele, no fundo tem saudade, quer estar junto, mas não diz, confusiona. Damo também quer e por isso zanga: – Porquê não atendeste? Vou-te apanhar aí onde estás! – Dama para disfarçar faita: – Estás-me a controlar porquê, afinal? Você não estás com teus bradas? Então, eu estou aqui com minhas amigas. – Vou-te apanhar, eu! – Ok, vem. – brada desliga o celular e para os manos disfarça. – Ysh, dama tá a fazer confusão, pergunta onde estou, não sei quê, quê, vou-lhe apanhar lá na disco, deixo-lhe em casa e hei-de voltar.

– Bradas sabem o que ele sente, no fundo querem fazer o mesmo, mas disfarçam: – Tá nice, estamos juntos, mano, falamos, vamos apanhar uma brisa, depois surges, né? – Ya, só deixar a dama, sabes que aquela ali é confusa? Damo apanha dama na disco, manda bip, ela demora, manda mensagem, ela aparece, entra no carro, está calor e o calor dilata os corpos, beijam-se, mas moçambicano não beija namorada assim, na rua. Manos podem ver, não fica bem. Porque homem que é homem não beija, não ama. Eu não entendo mas homem que é homem entende. E dama também tem de entender, é assim. Pelo menos quando os amigos estão por perto.

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