O Afeganistão, maior produtor mundial de ópio, também é o principal produtor de haxixe, superando o Marrocos, anunciou esta quarta-feira a Agência da ONU contra a Droga e o Crime (UNODC).
“O surpreendente rendimento dos cultivos afegãos de canabis (145kg/ha de haxixe, a resina de canabis, contra 40kg/ha no Marrocos) faz do Afeganistão o principal produtor mundial de haxixe, com 1.500 a 3.500 toneladas por ano”, afirma o diretor executivo da UNODC, Antonio María Costa, em um comunicado. Entre 10.000 e 24.000 hectares de canabis são cultivados por ano no Afeganistão, segundo estimativas da agência da ONU em seu primeiro estudo sobre canabi no Afeganistão.
Os lucros anuais oriundos do haxixe no Afeganistão são “entre 10 e 20% do ópio, que foi de 438 milhões de dólares em 2009”, afirma a UNODC. Menos custoso quanto seu cultivo e colheita, para os agricultores afegãos o haxixe tem um rendimento maior do que o ópio, a razão de 3.900 dólares por hectare, contra 3.600 para para o ópio. O cultivo da dormideira continua sendo, no entanto, predominante, já que a canabis é muito ávida por água no verão e se conserva menos.
Os locais de produção de haxixe, como os das papoula, se situam nas áreas com instabilidade política, especialmente no sul. A venda, no entanto, se realiza em todo o território, segundo a agência. Parte da produção é consumida no país e o resto toma o rumo do tráfico de ópio. O estudo da UNODC, realizado em 1.634 aldeias de 20 províncias afegãs, demonstra que o cultivo de canabis é importante em pelo menos 17 das 34 províncias do país.
No ano passado, 6.900 toneladas de ópio foram produzidas no Afeganistão, ou seja, mais de 90% da produção mundial, segundo a UNODC. O governo afegão anunciou no início de março que ia lançar um plano de erradicação de cultivos de papoula e previu dar uma ajuda aos agricultores que queiram desenvolver cultivos alternativos, como o de cereais.