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Daguestão, terreno fértil para rebeliões no Cáucaso russo

O Daguestão, atacado esta quarta-feira por um duplo atentado que causou 12 mortes, é uma república montanhosa do Cáucaso russo que sofre com a pobreza, com uma crescente criminalidade e com rivalidades entre clãs, ingredientes que o tornam um terreno fértil para a rebelião.

Situado entre as montanhas do Cáucaso, ao sul, e a costa do Mar Cáspio, a leste, o Daguestão pode se vangloriar de uma história que data do século VIII antes de Cristo. Mas, atualmente, esta república é considerada uma das regiões mais violentas da Rússia, afetada por uma rebelião islamita cada vez mais poderosa. Nos últimos meses, assassinatos de líderes locais, atentados suicidas e confrontos armados nos subúrbios da capital Makhachkala se tornaram quase cotidianos.

No ano passado, o presidente russo, Dmitri Medvedev, durante uma breve visita à região após o assassinato do ministro local do Interior, reconheceu que “os clãs, os roubos e os subornos” favoreciam o recrutamento de militantes islâmicos. Entretanto, os ataques desta quarta-feira, que causaram 12 mortes em Kizliar, no norte do Daguestão, são os mais graves desde 2002, e mostram que a rebelião é agora predominante na região.

Enquanto nos anos 1990 a militância no Cáucaso estava limitada a uma luta separatista na república vizinha de Chechênia, a insurreição se propagou agora ao Daguestão e a outras regiões. Mas o separatismo não é seu principal objetivo. Os militantes querem agora impor a lei da charia em toda a região, que batizaram de “Emirado do Cáucaso”.

Segundo especialistas, integrantes dos grupos rebeldes islamitas dizimados pelas operações militares do “homem forte” da Chechênia, Ramzan Kadyrov, saíram de suas bases e foram para os bosques e vales do Daguestão e de Ingushetia. “Uma chama islamita se propagou por todas as repúblicas do Cáucaso Norte, salvo na Chechênia, onde a luta contra os rebeldes é considerada um sucesso graças a Kadyrov”, declarou Yulia Latynia, especialista na região. “Os rebeldes seguem se sentindo rejeitados na Chechênia, mas nas outras repúblicas estão bem adaptados, ali obtêm dinheiro dos políticos e empresários”, acrescenta.

Como as disputas entre criminosos e entre clãs torna complicada a tarefa de governar essa república, Medvedev nomeou em fevereiro um novo presidente local para substituir Mukhu Aliev, por medo de que ele não tivesse força suficiente para controlar a desordem.

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