A Cidade da Beira vai passar a contar com mais uma linha de transporte de energia de alta tensão, nomeadamente será a terceira, e espera-se vai garantir mais fiabilidade a qualidade de energia eléctrica fornecida nesta que representa a segunda maior e mais importante urbe moçambicana.
De acordo com o Director Regional Centro e da Área de Distribuição da Beira da EDM, Neves Xavier, a nova linha a ser construída, de 220 kilowatts, partirá de Chibata até a subestação de Dondo. Neves Xavier argumentou tratar-se de mais uma iniciativa que a EDM está a desenvolver com vista a melhorar a qualidade de energia eléctrica fornecida à Cidade da Beira e arredores. O projecto de construção da referida linha, segundo a fonte, está praticamente na fase de lançamento de concurso.
Até o presente momento a Cidade da Beira conta com duas linhas de alta tensão de 110 kilowatts que alimentam a subestação da Munhava, nomeadamente Beira I e Beira II. O Director Neves Xavier explicou, entretanto, que por causa dos trabalhos em curso de reabilitação da subestação da Munhava neste momento se está a funcionar com apenas uma linha, nomeadamente a Beira II, ou seja, se está a usar o sistema radial que consiste em cada linha alimentar isoladamente a cidade. Nas condições normais tem sido usado o sistema anel, que permite as duas linhas alimentarem ao mesmo tempo a cidade, portanto fazem o circuito e quando uma linha tem problemas a outra assegura e o cliente não nota esse corte.
“Mas nesse momento, porque estamos a reabilitar a subestação da Munhava, não há condições técnicas criadas para que as linhas funcionem em anel” – explicou. Neves Xavier disse que essa situação é que tem sido responsável pela ocorrência de cortes frequentes no fornecimento de energia eléctrica a Cidade da Beira, sobretudo nos dias de mau tempo, chuvas intensas e trovoada.
“Esses são os dias tecnicamente provados que são de maior ocorrência de descargas atmosféricas associado ao facto de as linhas de alta tensão não estarem revestidos de cabo de protecção contra descargas atmosféricas” – referiu. Uma vez que a rede de energia eléctrica da Cidade da Beira está a beneficiar de um projecto de reabilitação geral, orçado em 7.8 milhões de dólares norte americanos, num financiamento de um banco sul africano, questionamos ao director da EDM neste ponto do País se não está prevista a colocação de um cabo de guarda para prevenir situações decorrentes das descargas atmosféricas, tendo dito que o projecto não prevê essa componente mas inclui a substituição de isoladores deteriorados.
“A colocação de um cabo de guarda não consiste apenas em colocar, existem estudos técnicos que tem de ser efectuados por forma a garantir que a própria estrutura não seja posta em causa” – justificou, anotando a seguir que quando o projecto estiver concluído, as linhas funcionarem em paralelo, a probabilidade de todas terem avaria ao mesmo tempo é muito reduzida. Portanto, teremos situações eventualmente de uma linha ter avaria pontual e a outra segurar a carga.
Refira-se que a rede da Cidade da Beira é já antiga. Trata-se de uma rede maioritariamente constituída por cabos subterrâneos a óleo, e alimentada a partir da subestação da Munhava que também já conta com algumas décadas de existência e o seu equipamento a presenta-se em condições precárias. O projecto em curso consiste na reabilitação completa da subestação da Munhava e reabilitação do posto de seccionamento número 50, por onde praticamente nascem as linhas que alimentam a Cidade da Beira. Existe ainda o lote II no âmbito do mesmo projecto que vai reabilitar as linhas de média tensão e os postos de transformação da Cidade da Beira e as linhas de baixa tensão.
Nas linhas de média tensão praticamente serão substituídos todos cabos, e também está em curso a substituição dos cabos a óleo por cabos secos que vão garantir melhor qualidade. Xavier referiu também estar em curso a substituição dos PT’s por novos e de melhor qualidade. “Associados ao surgimento de novos clientes os postos de transformação acabaram ficando com cargas que exigem algum reforço e vamos de facto substituir e reforça-los” – salientou a fonte.
Caso Manga-Mascarenha
A zona da Manga-Mascarenha, arredores da Cidade da Beira, se apresenta como uma das que recebem energia de mais baixa qualidade. Trata-se de uma situação que já mereceu abordagens várias na imprensa. É na zona da Manga-Mascarenha onde a sede do Jornal O Autarca funciona e já nos queixamos muitas vezes da baixa qualidade de energia fornecida, o que sistematicamente tem afectado o nosso funcionamento. O Director Regional Centro e da Área de Distribuição da Beira, Neves Xavier, garantiu que o problema tem dias contado. Explicou que além dos grandes projectos que estão a ocorrer ao nível de toda Cidade da Beira, dentro da própria EDM com auto-financiamento da empresa também ocorrem projectos de reabilitação da rede de baixa tensão e dos postos de transformação.
“É nesse contexto que o Bairro Manga-Mascarenha também vai ser abrangido esse ano com um projecto de reabilitação da rede de baixa tensão. Vai se montar novo PT, vai se reabilitar a rede e as condições de fornecimento poderão melhorar” – prometeu. Neves Xavier disse que este tipo de intervenções não só vão acontecer neste bairro, como também estão previstos projectos do género em relação a toda área da Manga, Dondo, Nhamatanda, Tica e Lamego, ao longo da Estrada Nacional Numero Seis, onde se sabe que há dificuldades ou problemas de qualidade de energia fornecida.
“Este ano a empresa vai fazer grandes investimentos no âmbito da reabilitação” – enfatizou. No entanto, lamentou o facto desses investimentos alguns são postos em causa com actos de vandalismo. Exemplificou o caso que aconteceu na Zona de Inhamizua, semana passada, que exige da parte da empresa algum exercício financeiro para repor o fornecimento aos clientes que ficaram prejudicados, anotando que este esforço financeiro que a empresa vai ter de realizar em Inhamizua podia ser usado, por exemplo, na reabilitação do Bairro Manga-Mascarenha.