O coprodutor árabe do filme israelense “Ajami”, indicado ao Oscar, desencadeou uma onda de indignação em Israel ao afirmar que recusa-se a considerar-se um representante do Estado hebreu durante a cerimônia de entrega do Oscar, que se realizada este domingo em Hollywood.
“Não sou da equipe israelense e não represento Israel”, declarou neste domingo Scandar Copti em uma entrevista concedida à televisão israelense. “Não posso representar um país que não me representa”, insistiu Copti, provocando a revolta da classe política. Seu filme, que foi coproduzido com o diretor judeu Yaron Shani, é candidato ao Oscar de melhor filme em língua estrangeira.
Scandar Copti é membro da comunidade árabe-israelense que conta com 1,5 milhão de descendentes de palestinos que permaneceram em seus territórios de origem após a criação do Estado hebreu, em 1948. A lei define direitos iguais para judeus e árabes, mas estes se queixam de que as autoridades israelenses discriminam sua comunidade. “Ajami” mostra o cotidiano de árabes e judeus no bairro de Jaffa, no sul de Tel-Aviv, divididos por suas orientações religiosas e étnicas, e que o destino mergulha no violento universo da quadrilha local.
O ministro da Ciência e Tecnologia, Daniel Hershkowitz, do Partido Nacional-Religioso “Lar Judaico”, criticou fortemente Copti, acusando o cineasta de se voltar contra Israel, mesmo depois de ter recebido financiamento público israelense para gravar seu filme. “Ele realizou este filme com recursos do Estado de Israel e vai se cobrir com a bandeira do (movimento palestino) Hamas esta noite”, disse, citado pelo site de notícias israelense Ynet.
O ministro da Cultura Limor Livnat lembrou que o diretor deve a sua presença em Hollywood unicamente aos recursos públicos israelenses. “Sem o apoio financeiro do Estado de Israel, Copti não pisaria neste domingo à noite pelo tapete vermelho”, considerou em um comunicado.
Para o cineasta israelense Uri Barabash, membro da Academia de Cinema Israelense e candidato ao Oscar em 1984, as declarações de Scandar Copti podem “alimentar as chamas de uma fogueira antissemita”.