O Exército nigeriano advertiu os seus oficiais de qualquer tentativa de golpe de Estado, enquanto a crise de liderança causada pela doença prolongada do Presidente nigeriano, Umaru Yar’Adua, parece agravar-se no país.
O general Lawrence Ngubane da 2ª Divisão do Exército fez esta advertência no fim-de-semana durante uma cerimónia militar em Sobi, no Estado de Kwara (norte). “Convido todos os oficiais e os soldados a evitar cometer actos susceptíveis de manchar a imagem do Exército, particularmente neste momento crítico da vida da nossa nação.
Os comandantes-em-chefe são, por conseguinte, obrigados a reprimir rapida e firmemente os actos de disciplina”, disse o general Ngubane num comunicado lido em seu nome pelo brigadeiro Adamu Marwa. “Aqueles cuja conduta não responda às expectativas não têm lugar nas fileiras do Exército e serão sancionados em conformidade. O soldado nigeriano deve ser bastante disciplinado para poder submeter-se totalmente à autoridade civil”, sublinha o comunicado.
O facto de o Presidente Yar’Adua não ter transferido legalmente o poder ao seu Vice-Presidente, Goodluck Jonathan, antes da sua evacuação para a Arábia Saudita, a 23 de Novembro de 2009, para tratamento médico, tinha causado vacância do poder. Mas, a Assembleia Nacional adoptou uma resolução a 9 de Fevereiro que faz do Vice-Presidente Goodluck Jonathan o Presidente interino.
O Presidente Yar’Adua regressou à Nigéria na semana passada depois de ter passado três meses na Arábia Saudita, mas Jonathan continua a assegurar a Presidência interina porque o chefe de Estado parece não estar totalmente recuperado para retomar as suas funções. Contudo, próximos do Presidente tentaram enfraquecer o Presidente interino, a quem mantiveram o título de Vice-Presidente num comunicado que anuncia o regresso do Presidente, o que provocou outras tensões no auge do Estado.
A decisão do chefe do Estado-Maior do Exército, o general Abdurahman Dambuzu, de desdobrar tropas para o regresso de Yar’Adua sem informar o Presidente interino e comandante-em-chefe das Forças Armadas, fez igualmente recear deslealdade no seio do Exército e apelos foram lançados para a demissão do chefe do Estado-Maior.
A Nigéria, país mais populoso de África, foi durante muito tempo dirigido por militares desde a sua independência há 50 anos.