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‘@Verdade como punhos – Cabinda é tabu para (quase) todos os supostos jornalistas

Na sessão de apresentação, no Porto no dia 22 de Outubro de 2008, do livro de Francisco Luemba “O problema de Cabinda exposto e assumido à luz da verdade e da justiça”, os jornalistas portugueses marcaram posição… pela ausência.

O mesmo, com raras excepções, se passou em relação à divulgação do evento. Ausência que, obviamente, foi tema de conversa entre os presentes, a maioria dos quais não compreendia o silêncio da Imprensa portuguesa em relação a Cabinda. – Onde está a sua apregoada tese de que os jornalistas existem para dar voz a quem a não tem? Perguntaram-me alguns. Se calhar, digo eu, lendo o que aqui tenho escrito sobre a actual produção de textos de linha branca, será possível perceber o que se passa.

De qualquer modo, aqui fica mais uma tentativa para explicar o que se passa com uma actividade que, como qualquer fábrica de sapatos, é meramente comercial. Não existe nas linhas de montagem nenhuma autonomia editorial e, ou, independência. E não existe sobretudo, mas não só, por culpa dos jornalistas que, sob a conveniente (sinónimo de bem remunerada) capa da cobardia se deixa(ra) m transformar em autómatos ao serviço dos mais diferentes protagonistas, sejam políticos, partidários, sindicais ou empresariais. Basta ver quantos são os supostos jornalistas que, nomeadamente na blogosfera, dizem quem são e mostram a chipala. São muito poucos.

A grande maioria prefere o cómodo e barato anonimato. Para que se não saiba que têm as meias rotas nunca se descalçam. Habituados a viver na selva supostamente civilizada onde, com o patrocínio e cobertura dos poderes instituídos, vale tudo, os chefes de posto das linhas de produção de textos de linha branca entendem que a razão da força, dada por alguns milhares de euros de avenças ou similares, é a única lei. E, digo eu, dos Jornalistas esperarse- ia que lutassem pela força da razão. Não acontece.

Não é de agora, mas agora tem mais força e seguidores. Força da razão? Claro que não. Até porque em Portugal não existem Jornalistas a tempo inteiro. Na maior parte do tempo útil são cidadãos como quaisquer outros e que, por isso, não precisam de ser sérios nem de o parecer. Nas horas de expediente, sete ou oito por dia, exercem o jornalismo, tal como poderiam exercer o enchimento de latas de salsichas.

Como para mim existe uma substancial diferença entre exercer jornalismo e ser Jornalista, entre ser operário de um órgão de comunicação social e ser Jornalista, tal como exercer medicina e ser médico, continuo a dizer que nesta profissão quem não vive para servir não serve para viver.

E é por isso que Cabinda não é notícia. Uma bitacaia no presidente do MPLA teria com certeza muito maior cobertura do que o facto de em Cabinda imperar o terror. É por isso que os operários dos órgãos de comunicação social lá estão para se servir, para servir os seus capatazes, e não para servir o público, para dar voz a quem a não tem.

Infelizmente os media estão cada vez mais superlotados de gente que apenas vive para se servir, utilizando para isso todos os estratagemas possíveis: jornalista assessor, assessor jornalista, jornalista cidadão, cidadão jornalista, jornalista político, político jornalista, jornalista sindicalista, sindicalista jornalista, jornalista lacaio, lacaio jornalista e por aí fora.

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