As autoridades moçambicanas ligadas ao sector reconhecem existirem alguns problemas com a mosca da fruta na província central de Manica, que faz fronteira com o Zimbabwe, mas consideram estranha a medida de suspensão da importação da fruta nacional pelo facto de as autoridades zimbabweanas não terem notificado o Governo (de Moçambique) sobre o assunto. Contactada hoje pela AIM, a Chefe do Departamento de Sanidade Vegetal, do Ministério moçambicano da Agricultura, Serafina Mangana, reconheceu a existência de alguns problemas com a mosca da fruta em Manica, que, segundo ela, em 2008 ditou a suspensão da fruta da Companhia do Vandúzi para a África do Sul.
“Existem alguns problemas na província de Manica”, disse Mangane. Ela explicou que a zona sul de Moçambique foi declarada livre da mosca da fruta, não havendo problemas com a exportação de fruta produzida nos distritos de Boane, Namaacha e Moamba, na província de Maputo. Aliás, esta foi uma das razões que levou as autoridades moçambicanas a banir a movimentação de fruta do centro para o sul de Moçambique.
Por outro lado, disse Mangana, “a manga produzida no posto administrativo de Dombe, na província de Manica, no centro do país, não tem problema, tanto que é exportada para a África do Sul”. Sobre a decisão do Zimbabwe, Mangane considera ser estranha pelo facto de as autoridades deste país vizinho não terem notificado o governo de Moçambique sobre o assunto.
“Em condições normais, o Zimbabwe deveria ter notificado o governo moçambicano com a devida antecedência, à semelhança daquilo que aconteceu com a África do Sul, quando decidiu suspender a importação de fruta moçambicana”, disse Mangana. Comentando sobre o impacto da praga em Moçambique, Mangana disse que esta situação está a prejudicar sobremaneira a Companhia do Vandúzi, cujas exportações estão seriamente comprometidas.
De referir que no início do mês de Outubro de 2008, a África do Sul baniu a importação da fruta moçambicana, em particular a banana, devido à praga da mosca da fruta. Entretanto, cerca de um mês depois, este país levantou a interdição apenas para a zona sul de Moçambique, por se considerar que aquele produto nacional estava livre de pragas naquela zona. Moçambique exporta uma média anual de 20 mil toneladas de banana para a África do Sul.
A mosca da fruta continua alarmante em algumas regiões das zonas Centro e Norte do país, com incidência nas províncias de Manica, Cabo Delgado e Niassa. Devido a esta situação, durante algum tempo foi proibida a movimentação da fruta destas províncias, quer internamente, quer para a exportação, como uma medida cautelar. Estima-se que os produtores nacionais perderam, em 2008, perto de dois milhões de dólares devido à interdição da exportação na sequência da praga da mosca da fruta.
Os principais hospedeiros da mosca da fruta, segundo as autoridades agrárias moçambicanas, são a manga, banana, ata, papaia, melancia, abóbora, pepino, tomate, abacate, maçanica, laranja, limão, tangerina, toranja, Pêssego, Caju, Goiaba, Pêra, Pimento, Piri-piri, mandarim, marula ou canhú, ameixa, maçã, cereja e litches. A referida praga deposita as larvas nas fruteiras na fase da floração, afectando, deste modo, a qualidade do fruto.
Os danos causados manifestam-se pela podridão da parte atacada e subsequente queda prematura do fruto podendo causar perdas estimadas em cerca de 70 a 100 por cento. A mosca da fruta “Bactrocera Invadens” é uma mosca invasiva originária do continente asiático. Em África, ela foi detectada pela primeira vez no Quénia, em 2003, e posteriormente reportada em vários países africanos, incluindo na Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC). Trata-se concretamente de Angola, Namíbia, Tanzânia e Zâmbia. A mosca constitui praga de quarentena em vários países, pelos efeitos nefastos que causa nas fruteiras e pelo facto de ser de difícil detecção e controlo.