Nanando já tinha entrado num desfiladeiro sagrado da sua vida. As últimas aparições que protagonizou em palcos inúmeros da cidade de Maputo eram indisfarçáveis e por demais amadurecidas, que não podiam deixar qualquer dúvida quanto ao valor incomensurável de um guitarrista que subia a montanha devagar.
Seguro das escalas que tinha nos dedos e na vida. Morreu durante essas escalas, deixando para trás uma interminável legião de fãs e a grande admiração que lhe era dispensada pelos colegas. Foi Jimmy Dludlu que, rendido ao percurso de Nanando, à sua forma de ser, à grande capacidade de execução e criatividade, não resistiu em comprar uma guitarra da marca Fender – que o próprio Jimmy usa – para oferecê-la àquele que será para sempre o seu professor simbólico. Hoje Nanando nos deixou.
A morte encontrou-lhe no leito hospitalar, sucumbindo a uma doença ligada ao coração. E deixou um legado indelével que passará pelos labirintos do afrojazz. Da Marrabenta. A sua sombra far-se-á sentir por tempos e tempos no HOKOLOKWE e Fraze Bappa. Passou fugazmente pelos Gorwane e Nngalamga. Para além dos muitos anos que trabalhou na Swazilândia e África do Sul.