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Sarkozy denuncia os desvios do capitalismo financeiro e apoia Obama

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, denunciou com vigor na quarta-feira, em Davos, o que chamou de as derivas do “capitalismo financeiro” e defendeu novas regras internacionais, entre elas uma reforma da regulamentação dos bancos – assunto sobre o qual disse concordar com Barack Obama.

Afirmando que não estava ali para “dar lições a quem quer que seja”, Sarkozy levantou o tom para apontar um sistema responsável pela crise, destacando em particular os bancos, ante uma assembleia de presidentes de multinacionais e de banqueiros, durante o discurso de abertura do 40e Fórum Económico Mundial. “A função do banqueiro não é especular (…), é financiar o desenvolvimento da economia”, afirmou.

“Continuaremos a correr riscos insustentáveis, se encorajarmos a especulação, sacrificando o longo prazo se não mudarmos a regulamentação bancária”, disse ele. Sobre o tema, se disse “de acordo com o presidente Obama na medida em que considera necessário dissuadir os bancos a especular por eles próprios ou a financiar fundos especulativos”. O presidente americano propôs na semana passada limites à actuação dos grandes bancos, provocando reação de insatisfação no mundo financeiro.

O argumento de Barack Obama é evitar uma nova turbulência, como a que abalou o mundo em 2007 e que lançou os Estados Unidos na pior crise desde os anos 30. O mercado, no entanto, reagiu mal, vendo na proposta uma maior intervenção do Estado na economia.

A proposta de Obama limita a expansão dos riscos de negócios feitos por instituições que lidam com os consumidores americanos, ficando proibidos de controlar, possuir, investir, ou mesmo patrocinar fundos de alto risco ou fundos de participações (private equity) Defendendo uma acção coordenada no nível do G20 para que todos os países adoptem as mesmas regras, o presidente francês anunciou que seu país, “que presidirá o G8 e o G20 em 2011, inscreverá na ordem do dia uma reforma do sistema monetário internacional”.

A esta cruzada política contra os bancos deverá somar-se, na sexta-feira, outro grande convidado a esta edição de Davos, o presidente brasileiro Luiz Inacio Lula da Silva, que receberá um prêmio especial ao “estadista global”. Cerca de 2.500 líderes políticos, econômicos e empresariais de todo o mundo participam do Fórum que vai até domingo.

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