Chama-se Muatane Missapaha e nasceu na nortenha província de Nampula. Vive numa casa alugada, mas sonha ter uma casa própria. Há três anos que é responsável pela alimentação dos jogadores da Liga Muçulmana. Ou seja, o sucesso destas duas épocas deve ser partilhado com ela.
(@Verdade) – É casada?
(Muatane José Mussapaha) – Sou viúva. Casei-me em 99 mas infelizmente o meu marido perdeu a vida.
(@V) – Quer contar um pouco dessa página triste da sua vida?
(MJM) – Não. Ainda dói-me falar sobre isso. As feridas ainda não sararam. Doem por dentro.
(@ V) – Tem lhos?
(MJM) – Sim. Tenho três.
(@V) – Onde é que nasceu e passou a sua infância?
(MJM) – Nasci na província de Nampula e foi lá onde passei a minha infância.
(@V) – Lembra-se da escola onde estudou?
(MJM) – Sim. Estudei na Escola de Namutequiliua até a 7a classe.
(@V) – Como é que começou a cozinhar para a Liga Muçulmana?
(MJM) – Eu trabalhava como faxineira numa empresa no centro da cidade. Quando a loja foi vendida eu fiquei sem emprego, e a minha ex-patroa vendo a minha situação levou- -me até cá. Foi assim que comecei a trabalhar aqui.
(@V) – É complicado cozinhar para atletas?
(MJM) – Não tanto, mas nos tempos de estágio é mais difícil. Temos de servir cerca de 42 pratos por refeição, enquanto que nos dias normais servimos por volta de 20 pratos.
(@V) – Trabalha com mais pessoas?
(MJM) – Nos dias de grande movimento tenho tido ajuda.
(@V) – Que quantidades tem cozinhado?
(MJM) – Não posso precisar, mas é muita comida.
(@V) – Quem determina a ementa?
(MJM) – O mister e o doutor. Eu apenas cozinho.
(@V) – Em que consiste a alimentação dos jogadores?
(MJM) – Normalmente consomem massa, arroz, molho de tomate e carne assada na brasa. Outras vezes guisado de carne.
(@V) – Há algum jogador que coma em excesso?
(MJM) – Não. Nos dias dos jogos eles não podem comer muito.
(@V) – Não comem grandes quantidades por decisão deles ou por determinação do médico e do mister Semedo?
(MJM) – Acho que é por determinação do mister e do médico. Se fosse por eles penso que comeriam mais.
(@V) – O ambiente é sempre este nos dias dos jogos?
(MJM) – Nos outros dias o ambiente é de maior concentração. Não encontras os jogadores assim muito dispersos.
(@V) – Pelo que vê qual é o mais brincalhão?
(MJM) – Difícil precisar. Todos gostam de brincar.
(@V) – A que horas serve as refeições?
(MJM) – Quando há jogo eles comem por volta das 11horas, descansam e vão ao campo.
(@V) – Fica triste quando perdem?
(MJM) – Sim. Eles são a minha equipa. Nem gostava de futebol, mas com eles aprendi a apoiar.
(@V) – Onde mora?
(MJM) – Na cidade da Matola.
(@V) – Como vem ao serviço e regressa à sua residência?
(MJM) – Venho e volto de chapa.
(@V) – Nos dias de estágio tem saído tarde e como é que faz?
(MJM) – Às vezes algumas pessoas ligadas ao clube dão-me boleia, mas nem sempre. Isso acontece apenas quando têm de ir para os lados onde eu moro.
(@V) – Mora numa casa própria?
(MJM) – Moro numa casa arrendada, mas o meu sonho é ter uma casa própria. Neste momento estou a construir, mas como faço tudo sozinha por ser viúva é mais complicado.
(@V) – O que gosta de comer?
(MJM) – Arroz de coco com tocoçado. É o meu prato preferido e sempre que posso fazer fico satisfeita. É uma forma de me recordar da minha terra.