O cidadão, que desde o passado dia 8 de Fevereiro estava detido na sede da Renamo na cidade de Nampula, Emane Puantao, já foi localizado depois do assalto da Polícia da República de Moçambique (PRM) ao local onde era mantido pelos antigos guerrilheiros do maior partido da oposição em Moçambique. Segundo a vítima aproveitou os confrontos desta quinta-feira para por-se em fuga.
Emane Puantao, de 43 anos de idade, casado e pai de cinco filhos, contou que foi sequestrado dirigiu-se à sede da Renamo, na rua dos Sem Medo com intenção de recuperar um valor monetário e um telefone celular que tinha sido roubado por um cidadão residente nessa rua, mas não na sede do partido de Afonso Dlakhama.
Segundo Emane, aproximou-se da sede da Renamo atraído pela enorme presença de pessoas no local – era mais cerca de quatro centenas ali aquartelados – tendo julgado estar a realizar-se uma cerimónia fúnebre e por isso espreitou para dentro do local. Esclarecida a sua curiosidade abandonou o local. Porém, enquanto caminhava já próximo da rua das Flores, foi abordado por dois indivíduos civis que pediram para que ele regressasse à sede da Renamo para tratar de assunto dos seu interesse.
Quando chegaram à sede da perdiz os dois civis perguntaram aos restantes homens no local se era aquele o homem que havia espreitado e estes confirmaram. De seguida foi revistado.
“Fui vasculhado e encontraram me com carta de condução, bilhete de identidade, cartão de saude que são atribuídos aos Antigos combatentes e cartão de membro do partido Frelimo e dali disseram que são esses e o cenario deles mudou” disse Puantao conta acrescenta que depois de haver sido encontrado com o cartão do partido Frelimo foi questionado se era membro e depois de ter confirmado ouviu uma ordem, por parte da chefia dos homens da Renamo, a ordenar para que fosse amarado e chamboqueado.
“Fui amarado nos braços e nas pernas, começaram a bater-me brutalmente, depois foram deitar-me atrás da residência onde existe uma latrina mesmo nas bermas de fezes e urinas, passei muito mal” contou Emane que referiu ter sido ali abandonado quase todo dia sob um sol ardente. Depois conta que foi acusado de ter ido ao local para fazer investigações a mando do partido Frelimo e depois das várias investigações e porque recebia torturas acabou afirmando que sim. A partir daí a sua situação piorou e foi informado que se tentasse fugir poderia ser baleado.
Bondade do líder
Entretanto Emane Puantao agradece a bondade e o bom senso do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, que ordenou aos homens no sentido de não voltarem a torturarem-lhe e que desde mandou soltarem as cordas que o mantinham imobilizado.
O cidadão agora libertado confidenciou-nos ainda que nos primeiros dias de cativeiro era obrigado a fazer alguns trabalhos, tendo sido obrigado a lavar roupa de alguns chefes daquele grupo de antigos militares da Renamo e varrer o chão.
Apesar de as torturas terem parado Emane continuou sequestrado numa pequena divisão da delegação da Renamo.
Vi jornalistas da TVM a serem batidos
O nosso entrevistado revelou que a sua detenção aconteceu um dia antes dos jornalistas da Televisão de Moçambique em Nampula terem sido espancados pelos ex-guerrilheiros da Renamo, quando tentavam filmar aquele espaço tendo o seu equipamento de filmagem sido arrancado. “Eu estava a ver tudo, mesmo depois de a policia ter chegado no local a pedir para que fosse resgatada a camera” disse para depois acrescentar que o homem da PRM quando chegou para pedir “Disse por favor entreguem lá a maquina deles somente tiram a cassete para eles não mostrarem as imagens que filmaram aqui e os tipos (da Renamo) tiraram a cassete e depois entregaram.”
Para a PRM, na voz do seu porta voz em Nampula, Inácio Joao Dina, a libertação deste cidadão é um triunfo da corporação.