Cerca de 300 mil mulheres moçambicanas do universo de 1750 mil mulheres proprietárias de Maiores, Pequenas e Médias Empresas (MPME) sobrevivem de pequenos negócios e 70% dos cerca de 850 mil trabalhadores de ambos os sexos não beneficiam de nenhuma remuneração mensal.
No global, Moçambique possui cerca de 4,5 milhões de proprietários de maiores, pequenas e médias empresas, dos quais cerca de 39% são mulheres, segundo o Banco de Moçambique (BM), realçando que a maioria dos negócios de subsistência tem contribuído para a redução da vulnerabilidade individual e dos agregados familiares, dos quais 54% são chefiados por mulheres.
Segundo ainda o BM, baseando-se em resultados do estudo sobre a inclusão financeira das mulheres moçambicanas, grande parte das entrevistadas afirmou que a sua maior motivação para iniciar o negócio prendeu-se com “a necessidade económica”, sublinhando que elas se entregam a negócios próprios devido ao facto de existir no país menos oportunidades de emprego rural.
O supra referido estudo apurou também que a maior parte das empreendedoras donas de maiores, pequenas e médias empresas moçambicanas opera nas zonas rurais onde vive a maior parte da população moçambicana, estimada em cerca de 70% e quase metade (42%) dos negócios das mulheres localizam-se no Sul do país.
Endividamento por género
Quanto à pesquisa sobre o volume de endividamento por género, o banco central moçambicano apurou, por outro lado, que 4% das mulheres contraíram dívida bancária até Setembro de 2013, contra 5% de homens.
Outro dado reflectido nesta pesquisa é de que Moçambique, relativamente aos restantes países da África ao Sul do Sahara, está na mó de cima no que respeita à percentagem de mulheres beneficiárias dos serviços financeiros, numa taxa de 31% contra 27% da média desta sub-região. Por seu turno, 31% de mulheres são clientes dos operadores de micro crédito, contra 69% de homens, também até Setembro deste ano prestes a terminar.
O estudo indica igualmente que 26% de mulheres tinham contas bancárias para depósitos, contra 74% de homens. Os resultados deste estudo foram apresentados durante um encontro co-organizado pelo Banco de Moçambique e New Faces New Voices, uma organização dirigida pela moçambicana Graça Machel.