O Primeiro-Ministro de Moçambique, Aires Ali, considerou que 2010 “foi um ano difícil, mas não tão sombrio”, lamentando a disponibilização tardia dos fundos externos para o Orçamento, que “afectou o funcionamento do Governo no seu todo”.
No início do ano, os principais doadores de Moçambique (G19) tiveram um diálogo difícil com as autoridades moçambicanas, principalmente depois da exclusão de uma dezena de partidos políticos das eleições gerais de 28 de Outubro de 2009.
Os doadores, que apoiam em grande medida o Orçamento do Estado, condicionaram o desembolso a um compromisso do Governo em matérias como reforma da legislação eleitoral, aprovação de uma lei sobre conflito de interesses e despartidarização do Estado.
“Foi um ano difícil, mas não tão sombrio”, salientou o Primeiro-Ministro moçambicano, num balanço de fim de ano realizado na manhã desta quarta-feira pela Televisão e Rádio Moçambique, emissoras estatais, numa colectiva em que participaram jornalistas seniores dos referidos canais.
“Enfrentámos algumas dificuldades logo no início (do ano), o Orçamento só foi aprovado três meses depois, tivemos esta demora da disponibilização de fundos externos, e isso afectou, de certa forma, o funcionamento do Governo no seu todo”, disse.
“Sobrevivência” à crise Além de realçar as dificuldades sentidas pelo Governo no início do actual mandato, o governante referiu que o país “sobreviveu” à crise financeira internacional, tendo o Executivo de Maputo realizado “acções importantes”.
“Fazendo um balanço neste momento, acho que nos saímos bem porque a crise que apareceu foi controlada”, até porque “o crescimento do país é uma realidade e está a acontecer”, frisou Aires Ali.
O Primeiro-Ministro lembrou também o facto de o país ter registado, no primeiro semestre de 2010, um crescimento próximo do planeado e ter conseguido um rendimento global acima da média de África.
Dados governamentais indicam que a economia moçambicana cresceu 7,2 porcento no primeiro semestre, apesar dos choques externos que ditaram a subida de preços dos produtos básicos (que, em Setembro, provocaram revolta popular em Maputo e Matola, Sul) e da depreciação do Metical face ao Dólar e Rand.
Na opinião de Aires Ali, um dos grandes problemas e actuais desafios do país prendese com a cadeia de produção (desde o plantio à colocação de produtos alimentares no mercado), cuja efectivação poderá vir a acontecer “ainda neste mandato”.
“Continuaremos a apostar no aumento da produção e produtividade, mas temos que ver os passos seguintes”, nomeadamente a comercialização e armazenamento, pelo que “temos que melhorar as vias de comunicação”, garantiu.
O Primeiro-Ministro apontou ainda como uma das grandes prioridades do Governo o investimento em silos e a promoção de empresas de processamento de produtos.