Um total de 17 jovens da aldeia de Nancaramu, distrito de Pemba-Metuge, província de Cabo Delgado, norte do país, estão detidos suspeitos de vandalizar, na noite de sexta-feira, 12 casas de responsáveis da aldeia acusados de possuir medicamentos que disseminam doenças diarreicas e a cólera na região.
Além da vandalização das moradias, há relatos de roubo de bens e dinheiro encontrados no interior das casas, depois que os seus donos as abandonaram em debandada, incluindo coqueiros cortados, animais domésticos mortos, entre outros actos próprios de malfeitores mal-intencionados.
Após a agitação, os residentes de Nancaramu tentam agora restaurar a normalidade e reconstruir as suas residências. Prova disso é Unla Nmuawa, líder religioso com um dos membros superiores deficiente, mas que com auxílio de outros aldeões fazia a reposição das janelas para evitar a entrada de mosquitos e frio durante a segunda noite consecutiva em que voltou à sua residência.
Entre os apoiantes estava Pinera Siraila, também prejudicado pela acção dos malfeitores, cuja residência coberta de chapas de zinco foi vandalizada na totalidade.
Para além de rachar e amolgar a cobertura, os protagonistas da vandalização levaram consigo 10 mil meticais em dinheiro e mataram cinco pombos no local.
A aldeia de Nancaramu, criada em 1987, foi inicialmente habitada por pessoas provenientes de Mazeze, um posto administrativo do distrito meridional de Chiúre, fugidas da guerra civil.
Hoje tem 6011 pessoas e os seus residentes já são também dos outros pontos da província, maioritariamente de Meluco, Metuge e Montepuez.
Enquanto isso, pelo menos 10 pessoas morreram o ano passado devido a diarreias, cólera, entre outras doenças, na Casa Partida, na região de Tchonja, no posto administrativo de Nhangau, na cidade da Beira.
O dado foi revelado há dias durante a entrega de uma bicicleta-ambulância feita pela Administração daquela urbe, cuja cerimónia foi dirigida pelo respectivo administrador, Arnaldo Machoe.
Segundo fontes no local, as mortes foram provocadas por falta de prontosocorro, devido à escassez de transporte para a evacuação de doentes daquele ponto para o hospital da sede do posto, que dista a cerca de 18 quilómetros, situação que tem vindo a provocar óbitos.
Patrício Arissone, presidente da Associação dos Pescadores “Joaquim Chissano”, explicou que entre os mortos constam também pescadores artesanais que eventualmente tenham sofrido embates durante a faina, mas que devido à falta de pronto-socorro acabam perdendo a vida.
“Doentes de malária ou cólera, por exemplo, ficam horas a fio à espera de transporte para ir até ao posto médico da sede do posto, o que muitas vezes os leva à morte”, disse a Arissone, citado pelo matutino ‘Notícias’.
A fonte disse, por outro lado, que a situação é mais preocupante durante a noite, uma vez que de dia circulam algumas carrinhas de caixa aberta que fazem o transporte semicolectivo de passageiros, transportando maioritariamente compradores e/ou vendedores de peixe.