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10,5% de raparigas desistem de ir à escola

Uma média anual de 10,5% de raparigas moçambicanas desiste a meio do ano lectivo, contra 8,3% de rapazes, segundo dados estatísticos divulgados pela organização britânica Save The Children.

A mesma organização estima ainda que do universo de crianças que frequentam a escola cerca de 47,9% são raparigas, situação causada por diversos factores socioculturais e práticas tradicionais negativas, segundo Nacima Figia, directora nacional da Educação da Save The Children.

Por outro lado, Figia indicou que a predominância quantitativa de directores e professores masculinos ligada à existência exclusiva destes priva as raparigas de alguém da “confiança delas” com quem poderiam partilhar as suas preocupações e dela receber conselhos e a ela denunciarem situações de discriminação e de assédio, pois, na situação de predominância de directores e professores masculinos, “estes tornam-se cúmplices e se protegem mutuamente”, realçou.

Nacima Figia falava a jornalistas participantes de um seminário sobre advocacia da rapariga realizado no âmbito da campanha em curso promovida pela organização da sociedade civil moçambicana Movimento da Educação para Todos (MET), destinada a sensibilizar toda a sociedade moçambicana para aumentar a taxa de frequência da rapariga na escola.

Ela acrescentou que a situação acima descrita faz com que os parentes da rapariga não confiem neste ambiente escolar hostil a ela, fazendo com que encorajem as filhas a abandoná-lo, quando atingem a puberdade ou mal se apercebam do risco das suas filhas serem abusadas sexualmente.

Figia recorreu a estudos feitos que indicam que nas áreas rurais grande parte da comunidade prioriza a educação de rapazes em detrimento da educação das raparigas e que as desistências se prendem com casamentos prematuros, gravidez precoce, assédio e abuso sexual por parte de professores e colegas, bem como a falta de latrinas sensíveis ao género.

É no sentido de inverter o cenário que o Ministério da Educação, a Organização Nacional dos Professores (ONP) e a Save the Children consideraram o incremento do número de professoras nas escolas e nos cargos de direcção como uma das estratégias-chave que, a par de outras acções, pode contribuir para mudar a mentalidade da comunidade e para criar nas escolas o ambiente de segurança que só as professoras melhor o podem oferecer às alunas e seus parentes.

De salientar que a organização britânica está desde 2006 a implementar a iniciativa de sensibilizar e persuadir as raparigas nas escolas das suas comunidades para ingressarem na carreira docente, com a condição de retornarem às suas comunidades e aí actuarem como modelo para encorajamento de parentes e de outras raparigas a valorizarem a educação da rapariga.

É neste quadro que subiu para 17 o número de novas professoras nas escolas das zonas rurais remotas onde antes não havia nenhuma, para além de estar em curso um trabalho educativo para a comunidade e para as alunas por parte destas professoras, algumas delas já são responsáveis das unidades de género com a missão de promover a equidade de género.

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