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Livro de Reclamações: professores sem salário desde Janeiro

Boa tarde, Jornal @Verdade. Somos professores contratados este ano no distrito de Moma, na província de Nampula. Gostaríamos, através do vosso meio de comunicação, de apresentar um problema que nos preocupa bastante: é que estamos sem salários desde Janeiro do ano em curso.

No total somos 19 docentes que trabalham em diferentes escolas do distrito de Moma e fomos contratados para leccionar o ensino primário e o secundário. Desde o mês de Abril que contactamos os Serviços Distritais da Educação, Juventude e Tecnologia para nos inteirarmos das razões do atraso do nosso vencimento, mas ninguém nos dá uma resposta satisfatória.

O silêncio dos nossos dirigentes deixa-nos preocupados, uma vez que estamos desde Janeiro a viver de esmola devido à falta de dinheiro. No distrito, as pessoas de boa-fé que cuidavam de nós já estão cansadas de nos ajudar porque não conseguimos desembolsar nenhum tostão para as despesas de casa.

Para além de sermos pedagogos, também somos chefes de famílias. Estas esperam, mensalmente, pelos nossos salários para fazer face às despesas de casa. Alguns colegas que não têm família em Moma vivem em situação difícil e trocam constantemente de domicílios devido à falta de fundos para pagar o arrendamento de uma residência.

Como docentes de profissão, não merecemos passar por este tipo de situação protagonizada pelos nossos dirigentes. Por causa das precárias condições de trabalho a que somos sujeitos, diariamente corremos o risco de contrair doenças respiratórias devido às impurezas que inalamos durante as aulas. Alguém devia sentir pena de nós pelo tempo que passamos sem os nossos vencimentos.

Resposta

Sobre o assunto que preocupa os pedagogos que nos endereçaram a sua reclamação, a nossa Reportagem ouviu, telefonicamente, a directora dos Serviços Distritais da Educação, Juventude e Tecnologia de Moma, Deolinda Mussequesse. Esta confirmou que existem professores contratados este ano e que ainda não receberam os seus honorários. O atraso deve-se ao facto de o distrito estar a enfrentar o problema de défice orçamental.

A nossa interlocutora não avançou datas para o pagamento dos professores a que nos referimos, mas disse que se está a envidar esforços com vista a ultrapassar o problema.

Segundo Deolinda Mussequesse, os 19 docentes sem salários desde Janeiro fazem parte do último grupo de professores que o distrito de Moma recebeu este ano. Entretanto, na altura em que chegaram àquela parcela do país, a folha salarial já estava elaborada e submetida às Finanças.

“O pagamento dos professores não depende de nós, apenas entregamos as listas às Finanças. Estas preparam o dinheiro e enviam-no para o distrito. Enquanto as Finanças não processarem o fundo para os professores sem salários nós não podemos fazer nada”, disse Deolinda, que pediu paciência aos docentes.

 

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