Aumento da criminalidade, falta de iluminação na via pública e fraco abastecimento de água canalizada, estes são, por esta ordem, os grandes problemas que preocupam os moradores do bairro Zona Verde, no Município da Matola, Província de Maputo. No topo das apreensões está o aumento da criminalidade.
Esta cresce sobretudo devido à precária iluminação das ruas, o que leva a que os gatunos actuem muito mais à vontade nos roubos. Segundo os residentes, os meliantes chegam mesmo a subir aos postes de electricidade para desligar a iluminação que alguns moradores colocam por iniciativa própria.
No passado dia 30 de Agosto, três pessoas foram assaltadas em locais diferentes. De acordo com as vítimas, os assaltantes, em número de três, ameaçaram-nas com objectos contundentes como facas e navalhas.
Em conversa com @ VERDADE, Nilza Araújo, uma das vítimas, relatou que foi interpelada pelos ladrões no regresso da escola: “Fui apanhada de surpresa pelos malfeitores que me retiraram os livros, porque eu não tinha nada de valor, mas o que acontece ultimamente na nossa zona é devido a falta de iluminação pública.”
Januário Mondlane, o comandante do posto de polícia local, está a par destas ocorrências. Januário já prometeu dar todo o seu apoio com vista a combater os assaltos no bairro. Mas, segundo o comandante, o que dificulta o trabalho da polícia local é o facto de os moradores não apresentarem queixa atempadamente às autoridades. “O nosso trabalho não está a ser eficaz porque os populares não vêm dar parte à polícia. A maior parte das vezes só comparecem em casos de violência doméstica. A polícia está ao serviço dos cidadãos por isso, apelamos à colaboração de todos”, exortou.
Problema que está intimamente ligado ao incremento da criminalidade, caminhando como dois irmãos siameses, parece ser a deficiente iluminação pública. Presentemente, os residentes encontram-se em litígio com empresa Electricidade de Moçambique (EDM) pelo facto desta ter colocado, já há cinco anos, novos postes de iluminação dotados dos respectivos candeeiros mas da luz eléctrica nem sinal, o que não deixa de ser estranho uma vez que os bairros vizinhos de T3, Dlhavela, Benfica e Khongolote, já há muito possuem. |
“Não entendemos o porquê desta discriminação”, reclama um morador. Cansados de viver às escuras, vários habitantes do bairro optaram por efectuar ligações clandestinas, a que vulgarmente se chama puxadas, retirando energia da via pública, o que, por vezes, devida à deficiente ligação, provocam cortes de energia em algumas residências. Nos últimos tempos, várias diligências foram encaminhadas para o Departamento Provincial de Electricidade da Matola, pelas populações do bairro mas até agora sem sucesso.
@ VERDADE tentou, por diversas vezes, ouvir responsáveis do Departamento Provincial de Electricidade da Matola, mas todas as investidas revelaram-se infrutíferas.
Água a conta-gotas
O fraco abastecimento de água é outra das dores de cabeça dos habitantes da Zona Verde. De acordo com estes, a empresa Águas de Moçambique não oferece um serviço correcto nesta área, chegando a empresa a cobrar facturas mensais exorbitantes em função do abastecimento prestado. “Esta situação de cobrança de facturas indevidas não vamos tolerar. Estivemos várias semanas sem água e mesmo assim a empresa envia- nos as facturas. Eles nem sequer passam cá para fazer leituras dos contadores!”, referiu, indignado, o chefe do bairro, Manuel Cossa. Devido a isto, aos moradores não resta alternativa senão percorrer longas distâncias em busca do precioso líquido, | |
chegando mesmo a celebrar contratos com estabelecimentos que possuem água permanentemente, não cancelando o seu contrato com Águas de Moçambique, representando assim uma dupla despesa. |
Contactado pela @ VERDADE, José Maria Adriano, Director de Informação e Imagem da Águas de Moçambique, justificou que a cobrança de facturas de água é indissociável do aluguer de contador e que por isso há uma cobrança do consumo mínimo de 125 meticais que corresponde a 10 metros cúbicos de água, independentemente do bom ou mau abastecimento. Quanto ao fraco abastecimento de água que se regista na Zona Verde, José Adriano, defende que tal se deve às ligações clandestinas efectuadas e ao facto do enorme crescimento do número de consumidores nos últimos anos em Maputo e Matola não ter sido devidamente acompanhado pela expansão de infra-estruturas. “Há indivíduos que violam condutas de água e redes de abastecimento público. Igualmente o número de consumidores cresce diariamente o que significa que a demanda é maior e proporcionalmente inversa à expansão das nossas infraestruturas”, explicou Adriano. O Director esclareceu ainda que o abastecimento de água estabelece duas vias de rede pública: condutas bombeadas e abastecimento caseiro. Todavia, como a demanda desta última é muito grande tem-se optado pela implementação de furos de água geridos pela empresa Águas de Moçambique.