O Grupo Rapaport – empresa de pedras preciosas – voltou a impôr um embargo à compra de diamantes do campo zimbabweano do Marange. Dias depois de ter sido acordada uma venda oficial de gemas. Como justificação para a retoma da interdição ao negócio, a empresa explica que o Processo de Kimberly não conseguiu garantir o respeito pelos direitos humanos.
Para garantir que a sua posição é respeitada, Rapaport ameaça expulsar qualquer membro da sua rede mundial que compre pedras àquela região.
Só na semana passada, após o levantamento do embargo, o Zimbabwé vendeu quantidades de diamantes que chegam aos 72 milhões de dólares. Mas permanece a suspeita de que o exército do país continua a controlar e a beneficiar da venda dos minérios. “Não há garantia que o negócio de diamantes com o certificado KP não viole os direitos humanos”, disse num comunicado interno, Martin Rapaport, presidente do grupo Rapaport.
O Processo de Kimberly suspendeu as exportações de pedras do Zimbabwé em Novembro passado, como resposta às alegadas atrocidades cometidas pelo exército de Marange, na ala leste do país, em 2008. Mas no mês passado, decretou que os abusos terminaram e que o país poderia avançar com exportações limitadas. Receia-se, agora, que as atrocidades continuem.
Economia zimbabweana
Rapnet diz ser a meior rede de comércio pedras preciosas do mundo, com negociantes em mais de 70 países, e com listagens na internet de gemas que valem mais de quatro mil milhões de dólares. O Governo de união do Zimbabwé, no poder há 18 meses, tem tentado estabilizar a economia, arrasada pela inflação crescente e a carência de comida e petróleo.
Os diamantes de Marange podem ajudar o país a tornar-se num dos seis maiores exportadores do mundo, e gerar 1,7 mil milhões por ano. Uma nova inspecção sobre as condições em Marange será levada a cabo em Setembro por um monitor do Processo de Kimberly, depois da qual o Zimbabwé pode ser autorizado a retomar as exportações na sua totalidade.
O Processo de Kimberly, está destacado para supervisionar o mercado de diamantes em África, e foi levantado em 2002 depois do negócio dos diamantes ter sido associado aos vários conflitos em África.