A campanha para as eleições gerais no Zimbábwè, agendadas para 31 de Julho próximo, está a decorrer com uma ligeira calma, comparativamente à do escrutínio de 2008, que resultou na morte de vários cidadãos.
A campanha arrancou a 6 de Julho, um dia depois da validação da data para a realização das eleições (proposta unilateralmente pelo Presidente Robert Mugabe e contestada pelo seu rival Morgan Tsvangirai e pela Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral) pelo Tribunal Constitucional local.
Estas eleições acontecem cinco anos depois de uma grande tensão política registada no escrutínio de 2008, que por pouco degenerava em guerra civil. Para evitar tal situação, formou-se um Governo de Unidade Nacional, constituído pela Frente Patriótica (ZANU-PF), do Presidente Robert Mugabe, e pelo Movimento para a Mudança Democrática (MDC), do Primeiro-Ministro Morgan Tsvangirai. Esta coabitação entre os grandes rivais políticos daquele país é, segundo alguns analistas, o motivo pelo qual a presente campanha eleitoral não está a ser manchada pela violência.
SADC admite dificuldades
Os dirigentes dos países-membros da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) alertaram, no último fim-de-semana, que vai ser difícil organizar as próximas eleições no Zimbábwè dada a falta de tempo disponível para a sua preparação.
A organização regional, composta por 15 países, havia apelado no mês passado ao Zimbábwè a adiar as eleições previstas para 31 de Julho por pelo menos duas semanas, a fim de dispor de tempo suficiente para aplicar reformas que garantam um escrutínio livre e justo. Porém, o Tribunal Constitucional manteve a data marcada unilateralmente pelo Presidente Robert Mugabe.
“Queríamos que a nossa recomendação fosse seguida”, explicou o Presidente tanzaniano, Jakaya Kikwete, aos jornalistas após uma reunião da SADC sobre defesa e segurança, na qual participaram os Presidentes sul-africano Jacob Zuma e moçambicano Armando Guebuza.
Apesar disso, a SADC, que já enviou 360 observadores, prometeu apoiar o Zimbabwe para assegurar que a votação seja “suficientemente credível”. O país, que possui os seus cofres vazios, deverá ainda mobilizar muitos recursos para financiar o escrutínio.
UA alega que podem ser “livres e justas”
Já a União Africana (UA) disse na última sexta-feira, em Addis Abeba, ser possível que estas eleições sejam “livres e justas”. “Segundo os observadores no terreno, as eleições livres e justas são possíveis no Zimbabwe”, disse Aisha Abdullahi, comissário para os Assuntos Políticos da Organização Pan-africana, no fim de uma reunião do Conselho de Paz e Segurança da UA.
Abdullahi congratulou-se ainda pelo facto de o país ter conseguido o financiamento de que precisava.
Refira-se que a UA enviou cerca de 60 observadores para essas eleições (presidencial, legislativas e municipais). Esta missão é a segunda mais importante, depois da dos países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC). A Comissão eleitoral do Zimbabwe assegura que o seu dispositivo estará preparado para o dia das eleições.