Para continuarmos  a fazer jornalismo independente dos políticos e da vontade dos anunciantes o @Verdade passou a ter um preço.

Viver com uma doença desconhecida

Viver com uma doença desconhecida

Teresa da Graça, de 22 anos de idade, é uma jovem como qualquer outra, mas com uma saúde sem graça. Há três anos que frequenta alguns hospitais da capital do país para desvendar o nome de uma doença que até aqui desafia os médicos. De análise em análise gasta, sem sucesso, milhares de meticais na esperança de um dia saber pelo menos o que realmente a perturba. De todos os seus tormentos, há um que lhe tira sono e a deixa com nervos à flor da pele: as constantes dores de cabeça que, às vezes, cegam a sua vista esquerda.

Teresa da Graça perdeu a conta dos exames médicos pelos quais já passou. Algumas prescrições médicas perderamse com o tempo. Não tem noção de quantos tipos de medicamentos ingeriu, mas recorda, pavorosamente, que numa dessas tentativas de remediar a misteriosa enfermidade chegou a tomar 600 comprimidos divididos em 20 frascos de 30 unidades cada.

O mal-estar da jovem começou com uma pequena borbulha na cabeça, quando criança. Segundo ela, só doía quando a tocasse. Fez algumas consultas médicas e os resultados indicaram que nada de grave havia com ela. Porém, algo preocupava a menina assim como a família: a borbulha passou a ser um inchaço. “Sempre que me tocassem no local sentia dores”.

Não se sabe que relação existe entre a borbulha e o inchaço, mas de uma única coisa a jovem não tem dúvida: as suas dores de cabeça passaram a ser constantes. Obrigaram-na a fazer novas consultas, desta vez no Hospital Central de Maputo (HCM). Depois de vários exames, os médicos concluíram que padecia de um tumor cerebral, cuja solução era a cirurgia, um procedimento que custava na altura 14.000 mil meticais. “Tinha dinheiro mas não quis ser operada. Precisava de ter a certeza de que se tratava mesmo de um tumor”.

Incrédula, Teresa da Graça fez, no mesmo hospital, um outro exame de sangue. O diagnóstico contrariou as anteriores análises, rejeitando a hipótese de ela ser portadora de um tumor cerebral. “Nas referidas análises, o médico não soube dizer-me o que é que faz a minha cabeça doer tanto, mas confirmou que eu não tinha nenhum tumor na cabeça. Não precisava de nenhuma cirurgia”.

A contradição entre os exames médicos, associada a tantos gastos sem melhorias assinaláveis, deixou-a mais apreensiva. Vezes sem conta entrou em alvoroço com ela mesma. Agitou-se e contorceu-se. Uma rapariga sorridente tornou-se entristecida. Entre as dores e o desespero, começou a pensar nas pessoas que custeiam as despesas do tratamento. “Não me falam disto mas eu sinto por elas”. Contudo, quando ia desistir de lutar pela própria saúde e deixar tudo ao acaso, entendeu que podia seguir em frente.

Da Graça abandonou o Hospital Central de Maputo e foi buscar ajuda na medicina chinesa numa das clínicas da cidade de Maputo, mas debalde. Nenhuma das análises feitas indicou com clareza o que se passava com ela. Este foi um dos seus piores momentos da sua medicação.

“Receitaram-me 20 frascos de medicamentos diferentes e cada frasco continha 30 comprimidos. Foi demais. Tudo isso custou-me 10.000 mil meticais. Senti-me melhor, mas, passado algum tempo, piorei”.

A nossa interlocutora conta que os sintomas da sua estranha doença têm vindo a aumentar à medida que o tempo passa. Segundo enumera, “tenho tido náuseas, vómitos, falta de apetite, tonturas. Sinto que a minha pele está seca e, às vezes, como se algo a puxasse por dentro. Sinto um ardor intenso na pele e tantas outras coisas que não sei explicar. E o que mais me perturba são as dores de cabeça porque afectam muito a minha vista esquerda. Deixei de estudar porque já não conseguia entender nada”.

Da medicina chinesa ela passou para o Hospital Militar de Maputo, onde hoje se encontra sob os cuidados de uma dermatologista. Esta também rejeitou a hipótese de existência de um tumor cerebral na jovem. De acordo com a especialista, a paciente não precisa de nenhuma cirurgia.

“As análises da dermatologista indicam que sofro de problema de pele. Não sei se é verdade. Já ouvi tanta coisa a respeito da minha doença. Receitou-me tantos comprimidos e tantas pomadas. São medicamentos muito caros. Tudo soma 10.000 mil meticais. Estou a medicar-me, mas, na verdade, não me sinto melhor. As dores de cabeça continuam. Algumas vezes deixam-me acamada por um ou dois dias”.

“Afinal o que é que tenho e que faz a minha cabeça doer tanto?”, eis a pergunta que gostaria que algum dia fosse respondida. Todavia, enquanto esse dia não chega, da Graça afirma ter aprendido a lidar com a situação. Tem sorrisos para dar e vender. “Chorar já não me ajuda. Enquanto não puder saber o que realmente tenho, procuro ser feliz da forma que sou”.

Alguns sintomas de tumores cerebrais

Se admitirmos que Teresa da Graça padece de um tumor cerebral, importa referir que se trata de uma doença cujo diagnóstico precoce é difícil devido à variação dos primeiros sintomas que ao mesmo tempo se confundem com os de outras doenças.

Segundo algumas pesquisas feitas pelo @Verdade, as dores de cabeça costumam ser o primeiro sintoma de tumor cerebral. Geralmente, é causada por vários outros motivos que não estão ligados a ele. Quando as mesmas dores são causadas por um tumor cerebral, costumam ser intensas e constantes, sem alívio.

Em suma, alguns sintomas de tumores cerebrais mais frequentes são: dificuldade de concentração, falhas de memória e fala, mudança de personalidade, paralisia ou perda de consciência, náusea ou vómitos, normalmente piores pela manhã, dores de cabeça que costumam agravar-se no período matinal, problemas de visão, tontura e visão dupla, falta de apetite, entre outros. Desta lista de sintomas, os últimos fazem parte dos que apoquentam a jovem. MozMed A plataforma virtual de saúde em Moçambique

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Related Posts