Quis o destino que Modesta Paulosse, natural de Malema, na província de Nampula, grávida de oito meses e mãe de dois filhos, fosse viúva aos 21 anos de idade. O seu marido, identificado pelo nome de Azevedo Américo, perdeu a vida em Março último. Contudo, a família do falecido nega-lhe os seus direitos, é sujeita a abusos e foi despejadas da casa onde morava com o parceiro porque a mesma supostamente pertence à sua sogra.
Os familiares do seu cônjuge alegam que o malogrado declarou em vida de a residência era da sua mãe. Mas Modesta, neste momento sem norte, sente-se injustiçada porque, segundo narra, o marido afiançou que comprou a residência da qual foi expulsa com os seus filhos.
Modesta é um exemplo pragmático de um grupo social, em Moçambique e no mundo, que passa “despercebido” entre os pesquisadores, “negligenciados pelas autoridades” e, acima de tudo, “ausente em estatísticas”. “Os abuso das viúvas e dos seus filhos é uma das mais graves violações dos direitos humanos e obstáculos ao desenvolvimento”, segundo alguns organizações da sociedade que advogam em prol destas mulheres e dos seus dependentes.
A nossa interlocutora contou que o domicílio do qual foi escorraçado numa clara negação da herança foi comprada pelo seu marido com o dinheiro proveniente de um empréstimo bancário. O que agasta a senhora é, sobretudo, o facto de os familiares o falecido terem lhe expulsado de casa sem piedade dos filhos.
Modesta e seus dois encontram-se hospedados na casa do seu irmão, onde as condições de vida não são das melhores, pois o seu parente é desempregado.
Aliás, para além do despejo, os familiares do seu consorte marido exigiram também a entrega de 20.332,32 meticais de subsídio que a viúva auferiu do Conselho Municipal da Cidade de Nampula, pela morte de Azevedo Américo. O montante está, neste momento, depositado na conta do irmão de Modesta e não será usado até a “poeira baixar”, de acordo com a lesada.