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Vítima do amor à irmã perdida

Eunice, uma jovem que aparenta ter 25 anos de idade, decidiu, na manhã do último dia do ano de 2011, sair do Bairro Jardim, onde vive, à procura da irmã que abandonou o aconchego do lar para viver nos edifícios abandonados da cidade. A busca pela irmã levou-lhe para as mãos de malfeitores que assaltaram e violentaram.

O incidente deu-se entre 8 e 9 horas do Sábado, 31 de Dezembro de 2011, quando a jovem Eunice chegou aos edifícios abandonados da Avenida 25 de Setembro, perto do Banco de Moçambique, quase em frente a Casa Coimbra, também aparentemente abandonada, onde, segundo soube dias antes, a irmã passava as noites, ou a vida, na companhia doutros jovens de conduta duvidosa, que buscam abrigo naquelas casas, quase tocas.

Um jovem vendedor de recargas de telefones-celular disse que, antes de escalar às escadas do edifício abandonado onde ocorreu o incidente, Eunice perguntou se era permitido ou mesmo seguro entrar naquele lugar, ao que ele respondeu que era permitido mas não era seguro. Movida pelo amor à irmã perdida, a Eunice ignorou a advertência, subiu às escadas e desapareceu porta adentro. Passaram horas a fio sem que a Eunice se visse ressurgir pela entrada por onde desapareceu.

O vendedor do crédito diz não ter se preocupado tanto com a demora da jovem porque não era, segundo ele, a primeira vez que ela andava naquelas bandas, o que lhe fez pensar que fazia parte dos grupos que se abrigam naquelas casas que de noite são pensões de prostituição. “Pensei que ela fosse uma daquelas que vivem aqui, senão, quando me apercebi da demora, teria chamado a polícia ou dado alerta aos meus colegas de mercado” disse o vendedor.

Perguntada se andava por ali pela primeira vez, Eunice responde que frequentava a zona à procura da irmã, mas não teimava escalar às escadas porque a ideia não lhe parecia segura. Salienta que subiu às escadas aquele dia porque queria passar o final do ano depois de ter visto a irmã e de lhe advertir a voltar à casa onde os pais lhe esperam ansiosamente.

Depois de longas horas no interior daquele edifício abandonado, Eunice desceu às escadas e saiu a desatar em choros. Facto que alarmou os vendedores que montam bancas em frente àquele edifício. Esses não obtinham resposta quando perguntassem o que havia sucedido. Embora tudo indicasse que a jovem foi vítima de sabotagem, ninguém ousou entrar naquele edifício para apurar os factos e buscar a justiça.

Quando a reportagem do @Verdade chegou ao local, a vítima andava apoiada pela parede, a chorar, com todo o corpo a tremer e os cabelos desbotados. Esta, só se sentou no chão e começou a responder às perguntas depois da promessa de ajuda, pois não lhe restava um só centavo para pagar o transporte de volta à casa. “Levaram-me bolsa de dinheiro, chinelos novos, blusa e… (choros)” recomeçou os choros quando uns jovens insistiam que ela concluísse que foi sexualmente abusada.

Onde estava a polícia?

Facto estranho é que o incidente criou muita concentração de pessoas por uma hora de tempo ou mais, mas não se viu nenhum agente da lei e ordem, o que fez parecer ou revelar que o governo não disponibilizou na quadra festiva, de forma devida, os serviços de segurança ao seu maravilhoso povo. Mais estranho ainda é o facto de tratar-se de um incidente que decorreu nos dedos da cidade na época festiva, altura em que a Polícia da República de Moçambique prometeu redobrar os seus esforços.

Convidada pela reportagem do @Verdade a meter o caso às autoridades policiais, Eunice recusou-se alegando que não era necessário porque a polícia devia ter estado antes para lhe socorrer. Convidada a procurar a assistência médica, disse não ser também necessário, acrescentando que não queria que a ocorrência fosse sabida por muitos, principalmente familiares.

Impactos dos edifícios abandonados na cidade

Maputo, cidade capital do país, tem, em quase todas as avenidas, edifícios abandonados. Esses servem de refúgio aos amigos do alheio e assassinos assim como de pontos do comércio do sexo, promovendo, não só a criminalidade, mas também a depravação moral.

Não tantos dias antes do incidente referido neste artigo, uma jovem foi despojada, em pleno dia, do seu telemóvel quando efectuava uma chamada, por jovens que foram se refugiar na Vila Algarve, um dos muitos edifícios abandonados que fazem a estética da cidade sede de Moçambique.

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