As forças do governo sírio bombardearam, esta Segunda-feira, os alvos da oposição na cidade de Homs, apesar de o presidente Bashar al-Assad ter prometido ao enviado internacional, Kofi Annan, que ordenaria uma trégua e recolheria os tanques e canhões.
Annan, que reuniu-se, semana passada, com Assad, em Damasco, deve relatar, esta Segunda-feira, ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas se viu ou não progressos na implementação da proposta de paz.
“Hoje não parece muito diferente de ontem ou antes de ontem, ou do dia anterior a antes de ontem”, disse o activista de oposição Waleed Fares, de Homs. “Bombardeios e assassinatos.”
O Observatório Sírio de Direitos Humanos, com sede na Grã-Bretanha, disse, com base nos relatos vindos de várias partes da Síria, que 70 pessoas foram mortas, Domingo, inclusive 12 civis abatidos por bombardeios e francoatiradores, em Homs.
O grupo disse também que 19 soldados e 12 rebeldes morreram em confrontos. Em Aleppo, segunda maior cidade do país, uma bomba matou o dono duma banca de jornais, simpatizante de Assad, segundo o grupo.
Na província de Idlib, no norte, pelo menos duas pessoas morreram e oito ficaram feridas em bombardeios do Exército a aldeias.
Os redutos oposicionistas de Assad estão sob sítio governamental desde o início de Fevereiro, transformando a cidade em símbolo da rebelião contra Assad, iniciada há um ano.
Semana passada, Annan exigiu que Assad suspendesse imediatamente a acção militar, e os rebeldes do Exército Sírio Livre disseram que só deixariam de disparar se o governo retirasse os seus armamentos pesados das cidades.
Mas Assad disse que precisa de preservar a segurança nas zonas urbanas. “Parece que o governo deixou o plano de Kofi Annan pelo avesso”, disse Fares.
“Annan disse para retirar os tanques, eles trazem mais. Ele disse para parar de bombardear, eles bombardeiam mais.”
A Organização das Nações Unidas diz que as forças do governo sírio assassinaram mais de 9.000 pessoas nos últimos 12 meses. Damasco afirma que os “terroristas armados” já mataram mais de 3.000 soldados e policiais.
Assad promete realizar um referendo sobre reformas, mas os adversários internos e externos desqualificam a sua legitimidade.
Segunda-feira, a agência estatal de notícias, Sana, informou que o governo mantém a intenção de realizar uma eleição, a 7 de Maio, na qual os sírios poderão escolher “quem consideram apto para representar-lhes”.
O anúncio não deve atenuar a pressão internacional pela renúncia de Assad. Falando, Domingo, em Istambul, a secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, afirmou que o governo sírio tem uma longa lista de promessas não cumpridas, e enfrentará consequências graves caso não pare de atacar os civis.