Um clima de insatisfação instalou-se entre os filiados do partido Frelimo, no município de Monapo, província de Nampula, devido a uma alegada viciação da lista dos membros eleitos para Assembleia Municipal (AM) submetida à Comissão Nacional de Eleições (CNE), referente ao mandato 2014/2018.
Segundo as denúncias feitas pelos próprios visados, alguns “camaradas” eleitos para membros daquele órgão deliberativo foram excluídos de forma premeditada, em detrimento de outros, que não dispunham de votos necessários para o efeito. Os mais sacrificados neste processo, segundo os denunciantes, foram membros que constavam da lista Associação dos Combatentes de Luta de Libertação nacional (ACLLM), na qual três perderam os seus lugares.
Dos membros excluídos consta o nome de Josefina Luís que, apesar de supostamente ter sido a mais votada, se encontra no décimo sexto lugar na lista publicada pela CNE. Na mesma lista, encontram-se os nomes de Costa dos Santos que passou do oitavo lugar para décimo nono, Basílio Mateus, que “caiu” da nona posição para décima sétima, e Bernardo Alfredo, que terá sido o quinto mais votado e poderá estar fora deste órgão em função do número dos mandatos a serem ocupados.
“Nós tivemos acesso à acta da reunião referente à eleição dos membros da AM pela bancada da Frelimo que teve lugar em meados do ano passado, mas fomos colhidos de surpresa quando uma das publicações do jornal Notícias apresentava a lista com lugares totalmente adulterados”, disse um dos lesados, que se escusou avançar a sua identificação por temer represálias.
O nosso interlocutor disse ter contactado, em coordenação com outros membros injustiçados, o secretariado da Frelimo em Monapo para pedir esclarecimentos mas que ainda não obtiveram resposta. Os membros deste partido naquela zona eximem-se da responsabilidade na resolução do caso pois alegam que a reclamação foi apresentada tardiamente. Face a esta situação, os membros da ACLLM filiados à Frelimo em Monapo ameaçam boicotar as cerimónias de tomada de posse dos membros da Assembleia Municipal caso o problema não seja resolvido.
Por seu turno, Assane Amade, primeiro secretário da Frelimo, em Monapo, confrontado pelo @Verdade a propósito deste assunto, negou ter havido tais situações e garante que nenhum membro eleito foi excluído.
Entretanto, Amade reconhece ter havido irregularidades na lista enviada aos órgãos eleitorais. “Não houve exclusão. Assumimos a culpa porque a lista enviada não obedeceu as percentagens em função dos votos arrecadados por cada um dos membros eleitos”, explicou Assane Amade.
O entrevistado desmentiu as informações que dão conta da existência de clivagens entre os membros da Frelimo residentes em Monapo e assegura que as cerimónias de tomada de posse dos novos órgãos, nomeadamente, presidente do Conselho Municipal e dos membros da Assembleia Municipal irão decorrer sem sobressaltos.
Refira-se que a Assembleia Municipal de Monapo tem um total de 21 mandatos, dos quais 15 serão ocupados pela Frelimo e 6 pelo Movimento Democrático de Moçambique.