Do aeroporto de Quelimane até ao local onde hospedei-me não vi muito panfletos colados nas paredes deste município. No carro “revistava” os dois lados da via na expectativa de surpreender algum material de propaganda. Com muito custo vi alguns panfletos, mas todos do candidato da Frelimo, Lourenço Abubacar Bico. Nem um panfleto com o rosto do Manuel de Araújo.
Porém, no jantar um jornalista disse-me que Manuel de Araújo não estava muito preocupado com o centro da cidade. A base dele eram os bairros periféricos. Fiquei com uma pulga atrás da orelha. Seria uma questão estratégica ou manifesta ausência de meios?
Um dia depois (quarta-feira) acordei muito cedo e sai pelas ruas do município, com a luz solar foi possível ver alguns panfletos de Manuel de Araújo. Vi muito poucos. Aliás, pouquíssimos. Nem deve ter chegado aos 10. Quando constatei que pelos meios de propaganda Araújo não existia procurei a sede do MDM em Quelimane. Ou quartel de campanha de Manuel Araújo como lhe quiserem chamar.
Quando cheguei vi mais ou menos 300 pessoas. Entrei e perguntei pelo programa de campanha, mas disseram-me que tinha de esperar pelo candidato. Esperei 36 minutos. Araújo chegou e disse que a campanha seria no bairro do Aeroporto. Falou de camisetas e cartazes, mas disse que o mais importante era estar presente na linha da frente. Informação, essa, que defraudou as expectativas de muita gente. O discurso era apaixonante, mas pareceu-me um tanto tribalista. Araújo queria Quelimane para os quelimanenses e as pessoas respondiam em coro. Percebi, então, que a campanha não só era feita de meios, mas também de mensagens como a do Araújo que reivindicava Quelimane para os seus naturais. Podia até estar errada no seu conteúdo, mas é preciso respeitá-la.
No princípio da tarde, na boleia de José Belmiro persegui o candidato da Frelimo. Uma campanha com mais meios e com uma mensagem de continuidade. Com direito à música com nome de Bico. Coadjuvada por políticos de renome e de provas dadas que pediam o voto para o seu candidato. Enquanto que do lado do MDM Bico é tido, por Araújo, como marioneta da Frelimo; do outro lado da barricada os ataques pessoais não saem da boca do candidato, mas das pessoas bem posicionadas na esfera política. Quanto a mim, Bico faz bem em demarcar-se, embora no silêncio, de tais actos. Afinal o que está em jogo não é a vida pessoal de uns e nem de outros, mas o futuro do município de Quelimane.
Que ganhe o melhor…