Após a demissão de Carlos Jeque do cargo de Presidente do Conselho de Administração (PCA) das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), num momento em que certas correntes de opinião defendiam a exoneracão, também, de Marlene Manave, na altura administradora delegada daquela firma do Estado, não podia haver dúvidas de que mais mexidas seriam feitas no xadrez. Era e é preciso purificar a casa com vista a assegurar que os constantes problemas relacionados com os atrasos de voos, falhas no sistema de segurança e dificuldades em articular com a Imprensa relativamente às queixas dos clientes fiquem para a história.
Num recipiente em que há um peixe fétido, é fácil chegar-se à conclusão de que todo ele está putrefacto e, por isso, a medida, sensata, é deitar fora todo o produto e garantir que o ambiente não seja repelente. As LAM precisam de um tratamento igual. Carlos Jeque e Marlene Manave não puderam sair daquela empresa pela porta frontal devido aos motivos sobejamente conhecidos. Os clientes estão agastados por causa do sofrimento a que foram submetidos com o dinheiro deles, facto que resulta, em parte, de uma gestão ineficaz da famosa “companhia de bandeira”. Mas, pior do que isso, é que viajar de avião chegou a ser tão arrepiante como se fosse ir a bordo de um meio circulante terrestre.
É necessário que se experimente uma nova gestão nas LAM e seja feita por gente que não lide com os aviões como se estivesse a ensaiar a perfeição de determinados brinquedos. Precisa-se de gente sensibilizada com a causa dos clientes e que perceba que a satisfação e o respeito são factores-chaves para o sucesso de qualquer empresa. Os clientes querem ser levados a sério, ouvidos quando se queixam e verem os problemas de que reclamam resolvidos. Entretanto, temos uma firma gerida por gente que parece ignorar os preceitos que regem o funcionamento das instituições públicas que, a todo o custo, resvalam em acções que deixam os seus clientes com os nervos à flor da pele.
Há falta de profissionalismo e desleixo à mistura e é assim como são geridos determinados sectores do Estado com o cúmulo de que as pessoas que deviam repor a ordem em caso de caos acham tudo normal. O argumento de que as LAM são uma companhia segura apenas farão sentido quando não formos novamente confrontados com problemas técnicos, sistemáticos, que culminam com atrasos de voos e aterragem de emergência de certos aviões. O afastamento de Carlos Jeque e de Marlene Manave da administracão activa daquela firma deve ser um sinal de mudança e, acima de tudo, de que não teremos mais passageiros abandonados nos aeroportos devido ao atraso de voos.
Pessoas entendidas na matéria advogam que é altura de o Executivo admitir que outras companhias operem no espaço aéreo moçambicano de modo a salvaguardar-se o respeito pelos clientes, criar-se competitividade no sector e baixar-se as tarifas que tendem a ser exorbitantes. Umas LAM nas actuais condições é um estorvo ao progresso da aviação civil e do país. E porque ninguém dá ouvidos a ninguém, neste país, e as coisas acontecem quando elas devem acontecer, estejamos preparados para lidar com clientes insatisfeitos, enquanto esperamos para ver em que é que isso vai dar! É preciso purificar as LAM.