Os seguidores do ex-líder venezuelano Hugo Chávez sairão às ruas do país, esta quarta-feira (5), para lembrar o primeiro aniversário da morte dele, o que representa um alívio para o seu sucessor, Nicolás Maduro, que há um mês tenta conter protestos violentos.
Um ano depois de Chávez morrer em consequência de um cancro, um desfile militar e outras homenagens serão para Maduro uma oportunidade de recuperar as ruas e mostrar aos adversários que ele também é capaz de mobilizar as massas.
Dezenas de milhares de chavistas devem participar de actos em Caracas e outras cidades, homenageando o presidente socialista que passou 14 anos no poder, sendo adorado pelos mais pobres por causa dos seus programas sociais, na mesma medida em que era odiado pelas classes médias e altas.
Maduro comandará um desfile na capital antes de visitar um museu militar onde, em 1992, Chávez comandou uma tentativa de golpe que marcou o início da sua carreira política, e onde agora o seu corpo está sepultado num sarcófago de mármore.
“Chávez entrou para a história como o homem que reviveu Bolívar”, disse Maduro, que costuma referir-se ao antecessor como o segundo “libertador” da América do Sul, depois de Simón Bolívar, do século 19. Mas, depois de um ano da sua morte, o debate na Venezuela não é mais em torno de Chávez, e sim de Maduro.
O ex-motorista de autocarro e líder sindical não tem o carisma de Chávez nem o domínio pessoal que ele tinha sobre o Partido Socialista Unido da Venezuela. Mostra-se também incapaz de resolver os muitos problemas do país, como a inflação, a deterioração dos serviços públicos e a disparada da criminalidade.
Em geral, os chavistas mantêm-se leais ao desejo expresso por Chávez de apoiar Maduro. Até agora, os protestos não foram além de um núcleo da classe média, e os militares parecem fiéis ao governo, o que torna improvável uma reviravolta no poder como aconteceu na Ucrânia.
O feriado pela morte de Chávez emendou-se ao Carnaval, fazendo com que a Venezuela tivesse uma semana de recesso, tirando um pouco do fôlego dos protestos da oposição. Mesmo assim, um núcleo duro de estudantes e líderes oposicionistas radicais continua nas ruas.