O presidente da multinacional brasileira Vale, Roger Agnelli, disse Sexta-feira, na cidade de Nacala- Porto, na província de Nampula, norte de Moçambique, que a sua companhia já investiu no corrente ano cerca de 345 milhões de dólares, na mina de Moatize, na província central de Tete, um montante que poderá atingir 500 milhões de dólares até finais do ano.
“Já investimos este ano 345 milhões de dólares em Moatize, e devemos terminar o ano com um investimento realizado de cerca de 500 milhões de dólares”, disse Agnelli, falando durante a cerimónia da assinatura de um protocolo de intenções, para a implementação do Projecto Nacala XXI, avaliado em cerca de 1,6 biliões de dólares entre a sua empresa, o Governo moçambicano e a empresa moçambicana Insitec Investimentos.
Um dos objectivos deste projecto é escoar a produção do carvão de Moatize, devido ao congestionamento previsto na linha de Sena, quando os projectos em curso na província de Tete estiverem a operar em pleno, que as previsões apontam para dentro de três a quatro anos. Segundo Agnelli, a Vale vai arrancar com a produção em 2010, e concluir a construção e montagem de toda estrutura metálica, equipamentos e começar a trabalhar para buscar clientes para o carvão extraído da mina de Moatize.
O Brasil é um grande comprador do carvão metalúrgico, disse Agnelli, explicando que, por isso, a siderurgia brasileira vai depender enormemente da produção do carvão de Moatize. “O Brasil importa 100 por cento do carvão metalúrgico, então esta é uma parceria que veio para ficar ou para durar anos, décadas e talvez séculos”, frisou. Numa primeira fase, a de Moatize vai produzir 11 milhões de toneladas, das quais serão exportadas seis a oito milhões. “Mas existe um segundo passo, que é levar essa mina a produzir 24 milhões de toneladas. Podemos chegar a 40 milhões de toneladas.
Por isso, o futuro da mina de Moatize depende deste corredor, depende deste investimento”, explicou Agnelli. O investimento a realizar em Moçambique, Malawi e no Porto de Nacala é de 1,6 biliões de dólares, um montante que, para Agnelli, implica muito trabalho e dedicação. “Não é um trabalho de um ou dois anos. É um trabalho de cinco, seis, sete ou oito anos. É um trabalho forte, é um trabalho incessante, é um trabalho que a gente tem que ter muita dedicação para a gente poder terminar”, referiu.
Agnelli concluiu afirmando que a sua empresa deseja trabalhar com Moçambique e apoiar nas várias áreas, com acções e investimentos, no desenvolvimento humano, social, educação, infra-estruturas, formação de professores e técnicos, bem como usar toda a experiência da Vale para Moçambique. Por seu turno, o presidente do Conselho de Administração da Insitec Investimentos, Celso Correia, disse que apenas os moçambicanos têm a solução para os problemas que os apoquentam.
“Temos a consciência que a solução dos nossos problemas, acima de tudo, depende de nós os moçambicanos, da nossa capacidade de nos unir em volta deles (os problemas). Creio que já vencemos o desafio da união, mas é um desafio que tem que ser regado constantemente”, disse Correia. Para Correia, em toda a província de Nampula, vê-se muitas crianças, mulheres, homens, velhos sempre de um lado para o outro, algo que leva a todos os moçambicanos a questionar sobre o seu destino.
Correia respondeu a sua própria pergunta afirmando que “estão todos a trabalhar e todos a procura de uma forma de sobrevivência. Para estas pessoas, a mensagem que nós deixamos é que o sector privado moçambicano, em parceria com o governo e com os parceiros estrangeiros vai estar presente para nos ajudar nesta caminhada difícil que já começamos com muitas vitórias mas que ainda não terminou”. Fazendo questão de enaltecer o ambiente de paz que se vive em Moçambique, Correia disse que muitos povos irmãos ambicionam as conquistas dos moçambicanos, que foi alcançado na base da paz, tranquilidade, da boa governação que atrai os investimentos estrangeiros e também regionais.
Por isso, disse Correia, “todos os moçambicanos e nós os trabalhadores aqui presentes e todos os outros estamos de parabéns. Festejamos hoje o abrir de um novo ciclo com um parceiro que já temos confiança e que nos vai apoiar neste desafio que é construir Moçambique”.