O Presidente da Assembleia Municipal da Cidade da Beira, Mateus da Cícilia Saíze, afirmou sexta-feira última à imprensa ter constatado com preocupação o estado em que se apresentam as valas de drenagem da urbe, que estão a ser transformadas em espaços de depósito de lixo.
Mateus Saíze criticou a inércia do Município quanto a limpeza e manutencão das valas de drenagem da segunda maior cidade moçambicana, lembrando que o Presidente do Conselho Municipal, Daviz Simango, sempre que se dirige a Assembleia tem se referido sobre grandes intervenções por parte da edilidade nesse domínio. No entanto, no terreno a realidade mostra o contrário. Sabe-se, entretanto, que o Município da Beira beneficiou de equipamento específico para limpeza e manutenção das valas de drenagem, além de contar com organizações que disponibilizam víveres alimentares para envolver a participação da população nos trabalhos de limpeza dessas infra-estruturas básicas, no âmbito do programa “comida pelo trabalho”.
Além disso, as valas de drenagem da autarquia da Beira beneficiaram de trabalhos de reabilitação de vulto recentemente, no quadro do projecto de melhoramento do sistema de saneamento da urbe, orçado em mais de trinta milhões de euros, numa acção do Governo de Moçambique em parceria com a Comunidade Europeia.
Para o Presidente da Assembleia Municipal da Beira, o cenário encontrado não compensa o esforço que o Governo tem empreendido para oferecer melhores condições de vida aos autarcas beirenses. Referiu tratar-se de uma situação crítica que urge ser repensada, prometendo que vai abordar a questão junto a própria edilidade por forma a exigir explicações e viabilizar interesse no sentido de o Município passar a assumir o seu compromisso de prover serviços básicos à comunidade.
O saneameno básico, refira-se, consta do sétimo Objectivo de Desenvolvimento do Milénio (ODM) e Moçambique a par de muitos países em desenvolvimento está numa situação de poder vir a não atingir os ODM, em grande medida devido a inconsistência ou deficiente níveis de saneamento do meio. Na sua comunicação à imprensa, Mateus Saíze não só criticou a insensibilidade do Município, como também apelou a população para a tomada de consciência no sentido de não depositar o lixo e outros inertes nas valas de drenagem, porque servem para o escoamento das águas pluviais.
O facto das valas de drenagem, sobretudo no populoso bairro da Munhava (onde a situação é mais crítica) estarem cheias de lixo e águas estagnadas, segundo o Presidente da Assembleia Muncipal essa situação cria condições propícias para a eclosão de doenças como a cólera, bem como a malária, porque as condições de higiene deixam muito a desejar naquela zona. No bairro da Munhava, um reassentamento informal com complexos problemas sanitários, o número dois na Cidade da Beira constatou situações de valas de drenagem repletos de lixo e de águas estagnadas entre portas de várias residências, tornando um risco a saúde pública.
Na Munhava, quando chove as casas ficam inundadas e as vias de acesso intransitáveis, piorando a já deplorável situação sanitária. No mesmo bairro ainda persistem focos de fecalismo a céu aberto. Com vista a minimizar essa situação concreta, o Município com financiamento de algumas organizações estrangeiras está a construir um total de 12 balneários públicos, tendo sido concluídos seis.
No entanto, a missão da Assembleia Municipal que além do próprio Presidente Mateus Saíze, incluia o Vice-Presidente do órgão, Filipe Manuel Alfredo; o Secretário, Domingos Rufino Vicente; e presidentes e secretários de algumas comissões especializadas criticou o modelo dos balneários, sobretudo por o seu espaço interior ser muito apertado o que dificultará a sua limpeza, tal como referiu José da silva Raimundo, Presidente da Comissão do Plano, Orçamento e Actividades Económicas. A esse respeito Mateus Saíze também se referiu ao facto dos balneários conterem um quarto no seu interior alegadamente para o guarda, questionando a permitibilidade de um indivíduo viver dentro dum sanitário.