O Fórum Económico Mundial lançou, quarta feira, na Cidade do Cabo, África do Sul, um relatório intitulado “Políticas e Pareceria Colaborativa para uma Aviação Sustentável”, que defende que a transição de combustíveis fósseis para biocombustíveis será determinante para a redução das emissões de carbono no sector da aviação.
O relatório sustenta que os biocombustíveis para a aviação são uma inovação com potencial de “descarbonizar o sector da aviação”. A indústria da aviação possui uma meta para a redução líquida de 50 por cento das emissões de carbono até ao ano de 2050, tendo como ano de referência o ano de 2005.
Contudo, para alcançar a referida meta serão necessários “13,9 milhões barris de biocombustíveis de segunda geração por dia até a ano de 2050. Isso implica a transição para 90 por cento de combustíveis sustentáveis até ao ano de 2050”.
Os autores do relatório afirmam que os “biocombustíveis de segunda geração derivam de culturas que não competem com a produção de alimentos para o consumo humano. Parte destes combustíveis poderão ser produzidos através de algas”.
Falando em conferência de imprensa, que marcou o lançamento do relatório, o director geral da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) exprimiu a sua ira pela resistência das maiores companhias petrolíferas do mundo de apoiar a transição dos combustíveis fósseis para os biocombustíveis, a excepção da companhia chinesa “PetroChina”.
As companhias petrolíferas, disse Besignani, estão satisfeitas com a presente situação, caracterizada por lucros fabulosos através da venda de “jet-fuel” às companhias aéreas.
Enquanto isso, pelo menos três grandes companhias, que Besignani se escusou a revelar os seus nomes, possuem planos para operar os seus aviões com uma mistura de jet-fuel e biocombustíveis. Ele disse que as previsões indicam que isso poderá ocorrer até finais do corrente ano. Naturalmente, a transição para os biocombustíveis vai exigir a intervenção dos governos.
Jurgen Ringbeck, um perito na área da aviação e, que também assume o cargo de Vice Presidente na Booz and Company, uma empresa de consultoria, disse na ocasião que “a dinâmica do mercado apenas será desenvolvida se os governos criarem incentivos para o sector agrícola, produtores de energia e para as companhias aéreas de forma a incubarem um sistema global de produção de biocombustíveis para a aviação”.
Segundo Besignani, a “aviação está unida nas metas para mudanças climáticas mais agressivas de todo o sector industrial global, redução das emissões líquidas e para um crescimento neutro de carbono em 2020 e uma redução de 50 por cento até ao ano de 2050”.
Ele disse que desde o ano de 2004, a IATA tem vindo a trabalhar com os seus parceiros, cujo resultado e’ a poupança de cerca de 76 milhões de toneladas de emissões de carbono. Esta conquista foi possível através de negociações que conduziram ao encurtamento de mais de 2.000 rotas.
Besignani disse acreditar ser de importância vital que as rotas das companhias áreas escolham as rotas mais curtas entre as cidades, como forma de ajudar a poupar combustível.
O relatório frisa a necessidade de reformar as aeronaves obsoletas, que deverão ser substituídas com modernas, com uma maior eficiência em termos de consumo de combustível.
Paralelamente, as novas infra-estruturas de gestão do tráfego aéreo também poderão reduzir o tempo de voo e aumentar a eficiência do combustível.
Os autores do relatório encaram com naturalidade o crescimento do tráfego aéreo durante as próximas décadas que, segundo as previsões, devera ocorrer a um ritmo de cinco por cento ano.
Paralelamente, não se vislumbra a possibilidade ou vontade de substituir os voos de curta duração, sobretudo na Europa, por comboios de alta velocidade.
Os autores do relatório são alérgicos ao aumento das taxas para o sector da aviação e chegam mesmo ao extremo de considerar “as taxas verdes” como sendo ineficientes para estimular a redução das emissões de carbono.
Contrariamente, os autores do relatório propõem introdução de incentivos fiscais, uma forma mais polida de dizer subsídios, para encorajar as companhias aéreas a investirem em novas tecnologias para a redução de emissões.
O relatório alega que as taxas “geralmente resultam num saída líquida de fundos da indústria que inibe os investimentos para os projectos de redução de dióxido de carbono”.
Assim, a indústria de aviação e’ a favor da redução das emissões de carbono, desde que os governos (incluindo os cidadãos) estejam dispostos a suportar a factura.