Grupos de direitos humanos disseram, Segunda-feira (16), que a decisão da Unesco de conceder um prémio de ciência patrocinado pelo presidente da Guiné Equatorial era “vergonhosa e absolutamente irresponsável”.
O órgão de cultura e ciência das Nações Unidas deve ter entregue o prémio, Terça-feira (17), desafiando os pedidos de activistas para não fazê-lo por causa das alegações de corrupção contra o presidente Teodoro Obiang e membros da sua família.
“É vergonhoso e absolutamente irresponsável para a Unesco dar este prémio, dado o rosário de graves problemas jurídicos e éticos que o rodeiam”, disse um comunicado assinado por sete grupos, incluindo o Human Rights Watch.
“Além de se deixar ser usado para polir a imagem manchada de Obiang, a Unesco também corre o risco de arruinar a sua própria credibilidade.”
Obiang tem governado a ex-colónia espanhola rica em petróleo por mais de três décadas, fazendo dele o líder africano há mais tempo no poder depois do falecimento de Muammar Khadafi, da Líbia.
Os grupos de direitos humanos há muito tempo acusam o seu governo de corrupção.
As autoridades na França, Espanha e Estados Unidos estão investigando Obiang e os membros da família por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro em grande escala, e as perguntas pairam sobre a origem dos 3 milhões de dólares em prémios.
O conselho director da Unesco aprovou por 33 votos a 18, com seis abstenções, a entrega do prémio originalmente chamado de “Prémio Unesco-Obiang” e renomeado para “Prémio Internacional Unesco-Guiné Equatroial para Pesquisa em Ciências da Vida”.
O governo de Obiang diz que a intenção do prémio é contribuir com os esforços da pesquisa científica tendo como alvo doenças como Sida, tuberculose e malária.