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Turquia busca mandato para acção militar contra o Estado Islâmico

A Turquia deve obter aprovação parlamentar para operações militares na Síria e no Iraque, esta semana, num momento no qual os insurgentes do Estado Islâmico ameaçam o seu território, mas Ancara deve hesitar em enviar tropas sem uma zona de exclusão aérea consentida internacionalmente.

Os tanques e os veículos blindados turcos assumiram posições nas colinas de frente à sitiada cidade fronteiriça síria de Kobani na segunda-feira, à medida que os ataques de artilharia dos militantes sunitas intensificaram-se e chegaram até a atingir o solo turco.

Os avanços do Estado Islâmico para dentro do campo de visão do Exército turco aumentaram a pressão sobre Ancara para adoptar uma postura mais robusta contra os militantes como parte da coligação liderada pelos EUA que realiza ataques aéreos contra os rebeldes na Síria e no Iraque.

A Turquia, um membro da aliança militar NATO que tem fronteiras com ambos países, até agora havia declinado tomar um papel central, temerosa, em parte, que a acção militar pudesse fortalecer o presidente sírio, Bashar al-Assad, e dar mais poder a militantes curdos aliados aos curdos na Turquia, os quais têm buscado há três décadas maior autonomia.

Os turcos também argumentam que apenas realizar ataques aéreos terá pouco efeito para ajustar a instabilidade de longo prazo na sua fronteira de 1.200 quilómetros. Mas a sua retórica endureceu desde que 46 reféns turcos, cuja detenção nas mãos de militantes do Estado Islâmico deixou Ancara receosa de agir, foram libertados neste mês.

O Parlamento votará na quinta-feira sobre uma proposta do governo, que deve ser apresentada, esta terça-feira, para autorizar acção militar na Síria e no Iraque, estendendo o mandato que inicialmente permitiria à Turquia atingir militantes no norte do Iraque e se defender contra qualquer ameaça das forças de Assad.

“Precisamos de mostrar solidariedade. Não podemos continuar fora desta campanha”, disse o presidente Tayyip Erdogan numa reunião do Fórum Económico Mundial em Istambul no sábado, comprometendo-se com a participação da Turquia na luta contra o Estado Islâmico, mas insistindo que apenas os ataques aéreos liderados pelos EUA não seriam suficientes.

“Isso não será suficiente. Há uma dimensão em campo quanto a isso”, disse ele, argumentando que grupos combatendo o Estado Islâmico, incluindo as forças curdas peshmerga no norte do Iraque e o Exército iraquiano, precisavam de mais apoio.

O jornal Sabah disse na terça-feira que duas brigadas militares, com cerca de 10 mil soldados, estavam em alerta na fronteira para garantir uma “zona segura” para civis em território sírio. Esses destacamentos teriam apoio, se fosse necessário, de helicópteros militares, com caças a realizarem missões de reconhecimento.

Mas as autoridades turcas indicaram que, embora a Turquia vá defender suas fronteiras, ela não deve intervir na Síria ou no Iraque em solo unilateralmente, e acrescentaram que uma zona com restrição de voos ao longo de sua fronteira, policiada pela coalizão liderada pelos EUA, é uma demanda prioritária.

Ancara também está receosa em agir sobre a cidade de Kobani, predominantemente curda, a fim de não fortalecer curdos sírios ligados a militantes que há três décadas realizam uma insurgência no sul da Turquia em busca de maiores direitos ao povo curdo.

“Temos, primeiro, que garantir a segurança da nossa fronteira. É por isso que devemos procurar uma zona com restrição de voos, e precisamos de ter uma zona de segurança”, disse Erdogan.

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