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Troika fará seu melhor para tirar Lesotho da crise pos-eleitoral

O Secretário Executivo da Comunidade de Desenvolvimento da Africa Austral (SADC), o moçambicano Tomaz Salomão, asseverou que a Troika de Politica, Defesa e Segurança fará um esforço para conciliar e aproximar posições dos intervenientes políticos no Lesotho, para evitar que este país continue refém de uma crise política que se arrasta há já bastante tempo.

“A vida no Lesotho continua, mas não há dúvidas de que seria muito melhor se o ambiente politico fosse de melhor entendimento. O actual cenário abre espaço para um aproveitamento por parte de oportunistas que podem levar o país a situações mais complicadas como é o caso de tentativas de golpe de estado, entre outras”, disse Salomão.

Ele falava domingo a jornalistas moçambicanos que se encontram em Maseru, a capital do Lesotho, para cobrir a Cimeira da Troika do Órgão, a ter lugar Domingo e Segunda-Feira, e que será dirigida pelo estadista moçambicano, Armando Guebuza, na qualidade de Presidente da Troika. Este encontro foi organizado para procurar relançar o diálogo no Lesotho, na sequência da crise politica pós – eleições legislativas de Fevereiro de 2007 no pequeno reino montanhoso. Em 2009, o actual Primeiro-ministro, Pakalitha Mosisili, foi vítima de uma tentativa de golpe de estado quando homens armados abriram fogo contra a sua residência. Lesotho é uma monarquia constitucional, onde o Rei Letsie III, carece de poderes executivos.

Mosisili é do histórico partido Congresso Democrático de Lesotho (LCD) que, ultimamente, tem vindo a perder terreno, acreditando-se que esta é a principal razão da crise póseleitoral em curso. Salomão admitiu, por outro lado, que ainda existe uma radicalização de posições no diálogo político sutho, desde os tempos da mediação do antigo Presidente do Botswana, Quett Masire. Aparentemente, esta situação terá forçado Masire a desistir do seu papel de mediador neste país de cerca de dois milhões de habitantes. Actualmente, a facilitação do diálogo está a cargo do Conselho Cristão do Lesotho, havendo indicações de que esta agremiação religiosa vai coordenar com a Troika na busca de uma saída mais duradoira para o problema.

O mais agravante é o facto de faltarem apenas dois anos para a realização do próximo pleito, daí que, segundo Salomão, “o esforço da Troika é procurar aproximar as posições entre os intervenientes, mas olhando também no tempo que sobra para preparar as próximas eleições”. Apesar de ser um pequeno país, a distribuição da riqueza ainda está longe de ser equitativa. Aliás, a AIM apurou que muitos suthos julgam que o poder politico é uma das melhores formas de aceder a riqueza.

“Ser membro do governo ou do parlamento leva a uma luta política, porque pensam que o acesso ao parlamento, por exemplo, é também alcançar o poder económico”, disse uma fonte da AIM, em Maseru. Sistema de eleição dos deputados no centro da crise pos-eleitoral O Lesotho optou por um duplo sistema de eleição dos membros do parlamento considerado de “muito complicado” que nem eles próprios entendem muito bem.

Parte dos deputados são eleitos nos círculos eleitorais e os restantes através de um sistema chamado “modelo proporcional misto”. O parlamento do Lesotho tem 120 lugares, sendo 80 reservados para os deputados eleitos nos círculos eleitorais e os restantes 40 através do referido sistema “proporcional misto”. Neste momento a maioria dos mais de 20 partidos da oposição sutho reclama a retirada, do parlamento, de 21 deputados do partido governamental, LCD, eleitos através do “modelo proporcional misto”.

Ademais, o grupo dos 21 deputados entraram no parlamento através de um outro partido da oposição que acordou ajudar o partido de Mosisili a salvaguardar uma maioria considerável. Acredita-se que tais membros do LCD tinham concorrido, mas sem sucesso, na eleição através dos círculos eleitorais. Sobre esta situação, Tomaz Salomão disse que o Lesotho tem de encontrar formas de introduzir um modelo de eleição mais simples, para se evitar crises como a que está em curso, mesmo que seja necessário introduzir emendas na constituição, na lei eleitoral, ou num outro instrumento normativo vigente no país.

“O que se pretende é criar um espaço para que crises do género não voltem a acontecer. A lei não deve criar espaços para interpretações duvidosas”, indicou Salomão.

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