Um tribunal egípcio proibiu todas as actividades do Hamas no Egito, esta terça-feira (4), em mais um sinal de que o governo do Cairo, apoiado pelos militares, planeia pressionar o grupo islâmico palestino que controla a vizinha Faixa de Gaza, encarando-o como uma ameça de segurança.
O Hamas é oriundo da Irmandade Muçulmana do Egito, que foi declarada um grupo terrorista pelas autoridades e sujeito a uma repressão sistemática desde que o Exército depôs um dos seus líderes, Mohamed Mursi, da presidência em Julho passado. “O tribunal ordenou a proibição do trabalho e das actividades do Hamas no Egito”, disse o juiz, que pediu anonimato, à Reuters.
Quando no poder, Mursi estendeu o tapete vermelho ao Hamas, revoltando muitos egípcios seculares e liberais que viram o gesto como parte de um controle islâmico crescente na esteira dos protestos pró-democracia de 2011.
As autoridades apoiadas pelos militares agora classificam o Hamas como um risco de segurança significativo, acusando o grupo de apoiar uma insurgência islâmica que se espalhou rapidamente desde a queda de Mursi. Alegações que o grupo nega. Em Janeiro, as autoridades de segurança disseram à Reuters que, depois de esmagar a Irmandade Muçulmana em casa, os líderes militares planeiam acções para minar o Hamas.
O tribunal ainda ordenou o fecho de escritórios do Hamas no Egito, disse à Reuters um dos juízes que supervisionou o caso. O juiz não chegou a chamar o Hamas de grupo terrorista, dizendo que a corte não tem jurisdição para fazê-lo. O Hamas criticou a decisão.
“A decisão prejudica a imagem do Egito e o seu papel na causa palestina, e reflecte uma forma de se colocar contra a resistência palestina (a Israel),” declarou Sami Abu Zuhri, um porta-voz da organização militante sediada em Gaza. Durante 2012, o ano de Mursi no governo, o Hamas realizou eleições internacionais sigilosas.
Musa Abu Marzouk, grande autoridade do grupo, vive no Cairo e agora pode correr risco de ser preso na esteira da decisão do tribunal. O processo contra o Hamas foi solicitado por um grupo de advogados egípcios depois da deposição de Mursi, no ano passado, solicitando que o grupo seja declarado ilegal no Egito e designado como organização terrorista.