O sector dos Transportes e Comunicações deverá crescer, este 2012, em cerca de 16,9%, mercê da contribuição da linha férrea do Sena, cujas obras de restauro deverão ser concluídas ao longo do presente ano pela empresa pública Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) que acaba de reverter para si a gestão da infra-estrutura do consórcio indiano RICON.
Também contribuirá para essa performance neste sector a conclusão das obras de dragagem de emergência dos portos da Beira e Maputo e ainda início da operação de duas embarcações na albufeira de Cahora Bassa e no Lago Niassa, bem como de uma outra embarcação no troço Quelimane-Chinde, de dois navios para apoio à cabotagem e entrada no mercado do terceiro operador de telefonia móvel, a Movitel.
A medida de reversão aos CFM da linha férrea do Sena, uma das importantes vias para o escoamento do carvão mineral de Moatize, em Tete, também abrangeu a linha férrea de Machipanda, outra importante via de importação e exportação do Zimbabué pelo porto moçambicano da Beira.
A inoperacionalização da referida infra-estrutura, igualmente pela RICON, provocou, há cerca de dois anos, o apodrecimento do trigo daquele país vizinho atingido por intempéries por o produto ter ficado longo período a aguardar pelo seu transporte para o país do Presidente Robert Mugabe.
A RICON era até 7 de Dezembro de 2011 concessionária do Sistema Ferroviário do Centro da Companhia dos Caminhos de Ferro da Beira e o incumprimento do programa estabelecido com o Governo aquando da entrada do contrato de exploração deste sistema levou agentes económicos do Zimbabué a não escoarem as suas mercadorias destinadas à importação e exportação pelo porto da Beira.
Eles estão a ser obrigados a recorrer a camiões para transportar as suas mercadorias ou a recorrer à linha férrea do Limpopo, “mas são cerca de 700 quilómetros de distância até ao porto do Maputo que são percorridos pelo comboio, contra os cerca de 200 até Beira, o que é mais oneroso”, segundo explicou Rosário Mualeia, Presidente do Conselho de Administração (PCA) dos CFM.
Foram cerca de 16 meses de atraso na conclusão das obras daquelas duas ferrovias, situação que obrigou o Governo moçambicano a desadjudicar a gestão das linhas do Sena e Machipanga da RICON a favor dos CFM.
Refira-se que o Sistema Ferroviário do Centro foi adjudicado ao consórcio indiano de RITES e IRCON que formaram a RICON com 51% das acções da Companhia dos Caminhos de Ferro da Beira (CCFB), ficando os restantes 49% com o Estado moçambicano, através dos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM).