O funcionamento pleno da Empresa Municipal de Transportes Públicos de Maputo está refém de uma série de factores, dos quais se destacam a ausência de infra-estruturas próprias, insuficiência de recursos humanos, falta de material para garantir a supervisão regular das viaturas, gastos em combustíveis desajustados com a receita diária, e a insustentabilidade das tarifas praticadas pela empresa.
O vereador dos Transportes no Município de Maputo, João Matlombe, refere que o maior obstáculo é o plano director ainda em análise, cuja conclusão está prevista para Dezembro próximo. Neste momento, conclui-se o processo de transferência de competências do anterior gestor (Transportes Públicos de Maputo) para o município.
“Estamos numa fase piloto. Mesmo que contratemos operadores de transportes internacionais, com este mar de dificuldades que afectam a empresa, não vai mudar nada no sector”. Segundo o vereador, nesta fase piloto a Empresa Municipal de Transportes Públicos de Maputo dispõe de 200 autocarros, 65% dos quais sob gestão da autarquia de Maputo e o remanescente da edilidade da Matola. Enquanto isso, estima-se que nas duas autarquias circulam aproximadamente 10.000 passageiros por hora durante o dia.
Esta cifra impõe que haja o alargamento das faixas de rodagem nas vias de acesso para se garantir a fluidez do trânsito nos duzentos quilómetros das estradas que compreendem Matola e Maputo. O alargamento e expansão das infra-estruturas rodoviárias vão impulsionar a celeridade no transporte de pessoas e bens, a criação de oportunidades e o desenvolvimento económico do município e das populações beneficiárias.
Sublinha ainda Matlombe que o alargamento das vias e a consequente redução do tempo de viagem vão permitir a contenção dos gastos de consumo de combustível, uma melhor gestão das frotas, a preservação das viaturas, a melhoria do sistema de transportes, e a consequente diminuição da emissão de gases.
De referir que cerca de 90% dos carros em circulação têm já um período de vida longo e ultrapassaram os padrões internacionalmente aceites para circulação. Este factor acaba por afectar o nível de vida dos citadinos. De acordo com o nosso interlocutor, a operacionalização da empresa em alusão acarreta custos e desafios, uma vez que é preciso melhorar as vias de acesso, e garantir uma gestão única e eficiente dos transportes nos municípios de Maputo e Matola. Estas questões, garante Matlombe, estão reflectidas no plano director e serão desencadeadas pelas duas cidades.
A Empresa Municipal de Transportes Públicos de Maputo, segundo antevê o nosso entrevistado, vai resolver o dilema dos transportes na zona metropolitana através da introdução de um novo modelo de gestão, redução do tempo de viagem e aumento do financiamento ao sector. “Vai fazer com que Maputo esteja livre da insuficiência dos transportes”.
“Recebemos uma empresa desorganizada”
Num outro desenvolvimento, João Matlombe disse ao @Verdade que os municípios de Maputo e Matola receberam uma empresa sem direcção eficiente, desorganizada, em precárias condições e sem nenhum instrumento de funcionalidade. “Para inverter esta situação, estamos a apetrechar os recursos humanos, buscar formas de uma gestão séria e sustentável e a recuperar os autocarros com problemas mecânicos”.
Aumentar estradas não resolve o problema de transporte
A problemática dos transportes é nacional que, na sua opinião, não é resolvida com o aumento das vias de acesso, mas sim com o provimento de meios circulantes confortáveis e em condições aceitáveis para uma viagem. “É preciso, urgentemente, que se alarguem as estradas já existentes e se aloquem autocarros aos locais onde a população ainda não os tem”.
Pessoas desfavorecidas vão beneficiar de subsídio de transporte
Entretanto, Matlombe anunciou uma boa nova para os munícipes de Maputo: a introdução de um serviço social dos transportes, que consiste na atribuição do passe electrónico aos alunos, idosos e demais pessoas com fraco poder financeiro. Para este grupo será implementada uma tarifa mais baixa em relação à normal. Este assunto está em estudo no Ministério dos Transportes e Comunicação, onde se definirão as modalidades, tarifas e outras componentes técnicas a serem aplicadas.
Maputo vai operar com 66 carreiras
Dentro da cidade de Maputo, serão abrangidas 66 carreiras, que impulsionarão o aumento do raio de cobertura internamente, a consolidação das linhas existentes, o reforço da planificação e gestão racionais, a melhoria do processo de licenciamento, a definição de políticas capazes de rentabilizar e a expansão das frotas da empresa.
“Agravamento das tarifas é incontornável”
Contudo, Matlombe aponta que é inevitável o agravamento do preço dos transportes, porque só assim é que se pode ter uma empresa independente, autónoma e com capacidade financeira para melhorar os serviços de transporte, daí que estejam a ser feitos trabalhos no sentido de explicar as pessoas sobre a necessidade e as vantagens da alteração das actuais tarifas.
De referir que decorre o processo de transferência de competências e gestão das empresas municipais em algumas cidade do país, nomeadamente Inhambane, Xai-Xai, Tete e Matola, sendo que o da Matola está na fase conclusiva, prevendo-se a sua implementação para breve.