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Todos os obstáculos são transponíveis quando se trata de servir o povo

O Presidente Armando Guebuza disse sábado último, no povoado de Gune, localidade de Zandamela, província meridional de Inhambane, que em Moçambique não há obstáculos intransponíveis quando se trata de servir o povo.

Falando num comício popular que marcou as celebrações dos 40 anos do desaparecimento físico do Herói Nacional Belmiro Obadias Muianga, Guebuza sublinhou tratar-se de uma mudança de atitude, de tomada de consciência de que como o fez este herói nacional no seu tempo “nós também podemos virar esta realidade a nosso favor”. “Hoje declaramos a pobreza como o próximo obstáculo a transpor. Lutar contra a pobreza significa, em primeiro lugar, convencermo-nos, como o fez Obadias Muianga, de que nesta pátria de heróis não há obstáculos intransponíveis quando se trata de servir o nosso povo heróico”, afirmou Guebuza, perante várias centenas de pessoas que acorreram aquele povoado para testemunhar o evento.

Belmiro Muianga morreu a 30 de Setembro de 1969, no campo da batalha, quando tinha apenas 27 anos, numa missão tendente a romper a barreira do inimigo para que a luta pela independência nacional prosseguisse para outras zonas. No seu heroísmo, Obadias Muianga projectou-se como um exemplo a seguir na luta contra qualquer acto contrário ao bem-estar tal como foi a dominação colonial estrangeira.

“Ele deu corajosamente a sua vida para que hoje fossemos donos dos nossos próprios destinos, para que fossemos nós, os moçambicanos, a decidir pela utilização dos nossos recursos. Ele é exemplo de como quando pensamos na nação e no nosso maravilhoso povo, em primeiro lugar, damos o melhor de nós próprios”, declarou o estadista moçambicano.

Segundo o Presidente, Obadias Muianga é herói nacional pelos seus feitos por Moçambique e que ele e outros que deram a sua vida são referências no devir como nação e fontes de inspiração para os desafios do presente e do futuro. Nascido em Gune, a 19 de Novembro de 1942, Obadias Muianga, ainda jovem, testemunhou e experimentou a discriminação de que os moçambicanos eram vítimas na sua própria terra. Ele despertou para o facto de haver um ensino que era exclusivamente para pessoas da sua cor, o ensino rudimentar. Nesse ensino, o aluno levava seis anos para fazer a Quarta Classe, mas que no ensino oficial a Quarta Classe era feita em quatro anos. Muianga apercebeu-se ainda que não era apenas na formação que os moçambicanos eram discriminados, pois o mesmo acontecia no emprego.

Para Guebuza, é todo este ambiente de discriminação e de dominação estrangeira que sentia a sua volta bem como as greves que ultrapassavam as simples exigências de cariz laboral que fizeram crescer em Obadias Muianga o sentimento de revolta, fermentando assim a consciência nacionalista. Foi assim que decidiu, já em 1963, partir para se juntar ao movimento de libertação.

Porém, segundo Guebuza, não lhe foi fácil chegar a Tanzânia mas, mesmo assim, as dificuldades que foi encontrando transformou-as em oportunidades para reiterar o seu amor por Moçambique e seu povo. Ele só conseguiu chegar aquele país em 1965.

O Presidente Guebuza disse que Obadias Muianga conhecia muito bem os riscos que o trabalho clandestino envolvia, em todo um Moçambique ocupado pelo colonialismo. “Ele sabia que a sanguinária PIDE procurava nacionalistas para prende-los, tortura-los e até assassina-los”, indicou Guebuza, acrescentando, porém, que Ele não vacilou, não se intimidou, cumprindo com a sua missão até a sua prisão pela tenebrosa PIDE. “Foi humilhado e torturado e a ameaça de morte pairava no seu quotidiano”, disse Guebuza.

Contudo, segundo salientou o Presidente, Obadias Muianga sempre se evidenciou pela sua forte coragem e capacidade de pensar, daí que depois da sua libertação, em Outubro de 1964, voltou a sua missão. “Torturavam-lhe o corpo, mas não conseguiram torturar-lhe a alma. Negavamlhe a liberdade de movimento mas não podiam negar-lhe a liberdade de pensar como um homem livre”, frisou Guebuza.

Obadias Muianga combateu com bravura, determinação e tenacidade contra o exército colonial no Niassa Oriental e Ocidental. Como Comissário Politico e como Instrutor, Ele mobilizou e treinou mais moçambicanos para a luta pela independência. Para além de ter orientado um comício popular, Guebuza visitou a residência e o cemitério da família Muianga e inaugurou um monumento erguido em memória deste herói.

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