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Tiros contra manifestantes deixam 9 feridos no Cairo

Nove pessoas foram atingidas nesta terça-feira por disparos feitos por homens armados contra manifestantes na praça Tahrir, no Cairo, segundo testemunhas e meios de comunicação, num dia em que apoiantes e opositores do governo se preparam para manifestações nas ruas. Carros da polícia cercaram a praça, na sua primeira aparição na área desde 23 de novembro, logo depois do decreto que ampliava os poderes do presidente Mohamed Mursi, o que desencadeou uma onda de protestos.

Testemunhas disseram que os homens armados que agiram nesta terça-feira também atiraram bombas de gasolina, iniciando um pequeno incêndio. Muitos dos manifestantes, despertados pelo barulho, gritavam que “o povo quer a derrubada do regime” – um dos principais lemas da rebelião popular que depôs o presidente Hosni Mubarak em 2011, e que agora está sendo adaptado pelos oponentes de Mursi, um político de tendência islâmica. Gravações de recitações do Alcorão eram tocadas nos alto falantes da praça.

“Os mascarados chegaram de repente e atacaram os manifestantes na Tahrir. O ataque foi destinado a nos deter e nos impedir de protestar hoje. Nós nos opomos a essas táticas terroristas e vamos realizar o maior protesto possível hoje”, disse John Gerges, um cristão egípcio que se definiu como socialista.

Esquerdistas, liberais e outros grupos da oposição convocaram passeatas até o palácio presidencial, na tarde de terça-feira, para protestar contra um referendo convocado às pressas por Mursi para aprovar uma nova Constituição, no próximo sábado. A oposição diz que a proposta constitucional polariza o país e pode colocar o Egito em uma camisa-de-força islâmica.

Os políticos islâmicos, que dominaram a assembleia constituinte, pediram aos seus seguidores que compareçam “aos milhões” na terça-feira para manifestar seu apoio ao presidente e ao referendo.

Na semana passada, sete pessoas morreram e centenas ficaram feridas em confrontos entre a Irmandade Muçulmana e adversários que cercam o palácio presidencial, cujas paredes estão pichadas. A Guarda Republicana, uma força de elite que protege o palácio, ainda não usou a força para afastar os manifestantes, mas o prédio está cercado por tanques, arames farpados e barricadas de concreto.

Um decreto baixado por Mursi na noite de domingo concede às Forças Armadas poderes para prender civis durante o referendo. O Exército interferiu no conflito no sábado, pedindo aos envolvidos que resolvam suas disputas pelo diálogo, e alertando que não permitirão que o Egito entre em um “túnel escuro”. A crise também gera dúvidas sobre a capacidade do governo para realizar reformas previstas condicionadas a um empréstimo de 4,8 bilhões de dólares do FMI.

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