Timor Leste celebrou este domingo, em Dili, o décimo aniversário do referendo que levou o país à independência após 25 anos de resistência à ocupação indonésia. Segundo o correspondente da AFP, milhares de pessoas assistiram à cerimônia festiva, animada por artistas locais e que contou com as presenças do presidente José Ramos Horta e do primeiro-ministro Xanana Gusmão, dois heróis da luta pela independência.
Há dez anos, no dia 30 de agosto de 1999, durante votação organizada pela ONU, 78% dos eleitores timorenses se prononciavam pela independência da Indonésia, que ocupava o pequeno país desde a retirada dos colonizadores portugueses, em 1975. Ramos-Horta prestou homenagem aos milhares de mortos que tombaram durante “a luta épica” pela liberdade, mas rejeitou novamente o apelo à criação de um tribunal internacional para julgar os militares indonésios e as milícias que participaram de atos de violência.
“A minha preferência, enquanto ser humano, vítima e chefe de Estado, é a de fecharmos, de uma vez por todas, o capítulo de nossa trágica experiência entre 1975 e 1999, perdoando àqueles que nos fizeram mal”, declarou durante seu discurso. A criação desse tribunal foi novamente reclamada durante a semana pela Anistia Internacional, que lamenta a “impunidade” de que se beneficiam os responsáveis pela campanha de violência orquestrada por milícias pro-indonésias no dia seguinte do referendo de 1999.
Na época, 1.400 pessoas foram mortas e 80% das infraestruturas do país foram destruídas durante a intervenção de uma força internacional. “Os que cometeram esses crimes vão ser perseguidos, pelo resto de suas vidas, pela lembrança de suas vítimas”, estimou Ramos Horta.
Dez anos depois, o balanço da independência, que se efetivou em 2002, no país de 1,1 milhão de habitantes, em grande maioria católico, é considerado mitigado. “Alguns setores da sociedade foram beneficiados, mas o desemprego ainda é muito elevado”, lamenta Satonino Goncalves, 45 anos, um chefe de família que cria oito filhos vendendo frutos e madeira.
Segundo o Banco Mundial, 40% da população ainda vive no umbral da pobreza, com a expectativa de vida não ultrapassando os 60 anos.