Uma tia de Barack Obama, que vive ilegalmente nos Estados Unidos, compareceu na quinta-feira diante um tribunal de Boston, para pedir pela segunda vez asilo no território dirigido por seu poderoso sobrinho. Com ordem de expulsão para o Quênia datada de 2004, Zeituni Onyango, 57 anos, foi ouvida por duas horas e meia no tribunal federal de imigração de Boston (Massachusetts, nordeste), informou a advogada Margaret Wong A audiência, a portas fechadas, contou com duas testemunhas, dois médicos, segundo Wong.
A defesa da meia-irmã do falecido pai de Barack Obama, alegou que ela deve permanecer nos Estados Unidos por motivos médicos, mas também por temor a “violências tribais” registradas em seu país de origem. Seus advogados preocupam-se com os riscos que possam ser criados pela midiatização do caso: Onyango “é a tia do presidente dos Estados Unidos, o homem mais conhecido do mundo”, destacou Mike Rogers, porta-voz de uma firma de advocacia de Ohio que a defende.
Não ficou muito claro sobre se o magistrado Leonard Shapiro, que preside o caso, tomaria a decisão ainda na quinta-feira. A tia do presidente americano apelará da sentença, se a expulsão for confirmada, advertiu a advogada. Obama, filho de pai queniano e mãe americana, do Kansas, tomou conhecimento da situação irregular de sua tia “em Novembro de 2008”, alguns dias antes de sua eleição, informou o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs. “É uma questão jurídica e o presidente está convencido de que a lei deve ser aplicada com equidade para todos”, destacou Gibbs, acrescentando que Obama não chegou a conversar com ele desde que o assunto se tornou público.
A advogada de Onyango e Gibbs asseguraram na quinta-feira que Obama não apoiou o pedido de asilo. O assunto cai mal para o presidente americano, que enfrenta uma oposição republicana revigorada, desde que seus amigos democratas perderam a maioria no Senado e fracassou em fazer aprovar sua reforma da saúde. Embora nada faça supor um certo favoritismo, nem uma intervenção da Casa Branca, o caso da tia de Obama poderia ter consequências para um presidente em posição um pouco delicada, um ano após sua posse, e alimentar suspeitas de uma teoria de complô por uma parte da direita conservadora, a respeito de suas origens familiares.
Onyango pediu asilo político em 2002 devido a violências no Quênia. Ela mora atualmente num conjunto habitacional do sul de Boston.